quarta-feira, 19 de julho de 2006

A outra sinfonia (de Wagner) que é lei ...!

Dentro desta sinfonia, lembro-me da lei de ... Wagner, Adolfo (!?...), o que comprova que na Economia também há ... música!

Se o digo é porque o enredo desta "peça" social tem um vínculo muito particular, na economia da nossa sociedade paternalizada, com o inevitável comportamento que um Estado 'pai de familias' assume, como em qualquer outra situação sócio-política equivalente, pela quota parte que lhes cabe nos respectivos processos de desenvolvimento (o que acontece entre "os povos progressivos").
Desta forma, talvez esta seja "a vez" em que o nosso Estado vai tomar medidas que visem a racional e adequada "intensividade" da expansão das suas actividades, recuando sistematicamente na sua extensividade, como caminho para a redução da elasticidade-rendimento das despesas públicas (que se crê terá de ser inferior a 1).
Enquanto tal não acontecer, a 'sinfonia' será sempre a mesma, mesmo com 'melodias' evolutivas ...
Em mais uma tirada do Jornal de Negócios (esta com direito a maestria)
Sérgio Figueiredo
Vem aí a retoma!
sf@mediafin.pt
"Luís Afonso, que, sem uma única falha, nos faz companhia na página ao lado do editorial deste jornal há exactamente 798 dias, já podia publicar um livro com os diálogos das personagens SA, única e exclusivamente sobre a retoma.
Não falta imaginação ao melhor cartoonista da nossa imprensa, por estar sempre a bater no tema. Disse Alan Greenspan que é muito fácil «captar» a inversão do ciclo económico, visto que a última dos EUA foi anunciada por quatro vezes. A nossa também. A diferença é que, ao passo que a fase alta de crescimento americano já veio e está quase a ir embora, a nossa não.
Foi anunciada uma, duas, três, quatro vezes. Por um, dois, três governos diferentes. Mas não aconteceu. A recuperação nunca chegou de forma consistente, saudável e, menos ainda, vigorosa.
Por isso, o tema continua a dar largas à criatividade.
De cartoonistas. De analistas. De editorialistas. E de economistas que não têm como escapar ao exercício das previsões.
Volta a ser hoje o caso do cartoon de Luís Afonso. Porque foi o caso dos técnicos do departamento de estudos do Banco de Portugal, ontem. E é o caso deste texto, que, não obstante este calor abrasador, não deitará água fria sobre o anúncio que se repete: a retoma está a dar sinais de vida.
Parece que sim. Esperamos que sim. Queremos que seja efectivamente assim. Portugal está a pagar erros cometidos pelos seus agentes económicos, com o Estado à cabeça. Portugal está há demasiado tempo a perder o jogo da globalização, sofrendo efeitos rápidos e drásticos no sector mais exposto à concorrência.
Temos a esperança que esta vez seja de vez, que o cenário do banco central se confirme, que os nossos exportadores iniciem a recuperação dos mercados que andam há cinco anos a perder, que os investidores deixem de puxar isto para baixo e que o Estado permaneça fora da retoma. É esse o perfil que salta das novas projecções.
As exportações ganham quota este ano e conservam-na no próximo. É pouco? É óptimo, porque os nossos bens e serviços já acumulavam uma perda de 16% desde o ano 2000, sobretudo na Alemanha e outros mercados «invadidos» pelo Leste.
O investimento cai menos este ano e, para o ano, deixará de dar um contributo negativo ao PIB. Frustrante? É bom, porque prenuncia o fim de um desinvestimento que anda, desde 2001, a puxar isto para baixo.
E o Estado, ao contrário da saída da recessão de 1993, não é desta vez protagonista, pois modera o seu consumo e trava o investimento público. Que assim continue, para que a retoma não seja um novo «embustex».
Em outros momentos, parecia que a economia já havia batido no fundo. Chegou-se a celebrar outros sinais animadores do sector exportador. E muitos julgámos que, a partir daí, só podia ser a subir. O facto é que a economia voltou ao charco.
Não em 2004, ano do Euro, em que fizemos uma festa com algum PIB e muitas bandeirinhas na rua. Sabendo de antemão que a festança teria de ser paga. Nada de original. A Grécia também paga com menos crescimento os seus Jogos Olímpicos.
Vítor Constâncio tem uma frase marcante, «não há dúvida que a situação está a melhorar». E sublinha mudanças importantes na estrutura: mais tecnologia exportada, menor peso dos sectores tradicionais. É mais encorajador que dez estádios e dezenas de voos de turistas ocasionais.
Há sempre duas formas de olhar para um crescimento médio anual de 1,4%, projectado até 2007: é um dos piores da Europa; é o nosso melhor desta década. Prefiro dizer que o Banco de Portugal está errado. E, na próxima, volta a rever previsões em alta."

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