sábado, 23 de setembro de 2006

Que ninguém me diga que é apolítico

Qualquer dia faço uma Sebenta de “Textos de Crítica” politológica.

Não posso deixar de alertar o meu mui citado mestre JAM da pertinência destes textos que por aqui e por outras bandas da imprensa nacional vou lendo com atenção, de forma a que a Escola que, por tradição já secular, se devota ao pensamento político em Portugal, tenha estas publicações em consideração, pelo devido respeito académico que merecem.
Não é caso para menos, com estes artigos de opinião. Eu cá tinha as minhas razões para me sentir intrigado com a transbordante pertinência dos conteúdos de algumas rubricas que uma meia dúzia de articulistas do Jornal de Negócios deixa sair da pena das suas mãos. E não me enganei. Penso que felizmente, pois todos devemos, certamente, beneficiar com isso, não apenas porque assistimos a uma exemplar manifestação de liberdade de expressão; ou tão somente porque lemos num jornal temático linhas de prosa que nos mostram realidades que ultrapassam a categoria dos temas de que deveriam tratar. Não.
Este Jornal é um grande exemplo do que qualquer órgão de comunicação social (seja ele público ou, mesmo, privado) deve cumprir, de forma a que a Comunicação Social se torne definitivamente, no nosso País, na instituição que assume a missão a que por natureza (social) está vinculada: a de ser o principal Observatório Social, veículo dos fluxos da informação pública multidireccionada (recebida e emitida, ascendente e descendente) que interessa à sociedade descodificar e gerir.

Só assim, entendo eu e muitos, todos participaremos (democraticamente) na organização (definição, edificação, manutenção, desenvolvimento e regulação) do sistema social a que, inevitavelmente, pertencemos. E, por isso, que ninguém me diga que é apolítico. Há dois milénios e meio que Aristóteles negou essa pretensão, sobretudo àqueles que, pelas mais variadas justificações, se alheiam e afastam da realidade a que nenhum de nós (cidadãos que reclamamos viver em sociedade e em democracia) pode fugir: a da polis. Porque esta implica e exige tudo isto a que acabei de me referir. A partir
deste artigo do J. Negócios:

Os revolucionários do Beato
Pedro S. Guerreiro
psg@mediafin.pt

O Compromisso Portugal apresentou ontem várias propostas, muitas delas boas, outras que deviam ser Lei, algumas irrelevantes, poucas que não prestam e várias irrealizáveis.

É uma elite empresarial que é e será sempre acusada de querer trampolim para chegar ao poder governativo, de se afirmar como grupo de pressão com interesses próprios.

Podemos sempre suspeitar das motivações empresariais, políticas ou egocêntricas dos promotores; podemos sempre perguntar o que estão a fazer esta manhã pelo País aqueles que ontem à noite se deitaram com a boa consciência de terem cumprido o seu dever cívico; podemos sempre criticar quem propõe utopias mas jamais as testará – o programa eleitoral mais fácil de fazer é o do partido que sabe que não vai governar. Podemos sempre fazer isto tudo. Mas também podemos deixar a idade do armário e olhar para o que fica do Compromisso deste ano. Sem complacência, com exigência.

Quando Carrapatoso se declara revolucionário e contra os reaccionários, está (propositadamente?) a convocar a discussão em torno da acusação mais consistente feita ao Compromisso Portugal: a de que é um movimento que apresenta as suas propostas como não ideológicas mas que tem uma ideologia latente, mesmo escondida – a tecnocracia; a tese de que o País fica melhor entregue a gestores; o mito da solução única, que é a tecnicamente mais adequada. Como nas empresas.

É por isso que o poder político não comparece ao "rendez-vous" no Beato. Não quer valorizar. Não quer ver Carrapatosos, Mexias, Borges e Relvas a enfileirarem conquistas nos seus terrenos. Porque uma sociedade só percebe soluções técnicas se forem explicitadas ideologicamente, porque um Governo não é uma empresa, porque a despolitização dos assuntos distancia as pessoas, porque a glória de um movimento da sociedade civil é a desnecessidade dos partidos políticos – e são os partidos que interpretam a realidade. Ao invés, os tecnocratas do Compromisso Portugal falavam ontem do País com a mesma linguagem com que falam das empresas: a que aprenderam nos MBA. Posicionamento estratégico. Vantagens competitivas. Quotas de mercado. Nichos. Estratégia de competitividade.

O Compromisso Portugal nasceu como um contra-movimento a outro grupo de empresários, que assinou o "Manifesto dos 40" pedindo a defesa dos centros de decisão nacional. Os proteccionistas despertaram os liberais e estes venceram-nos. Esta é a nova geração, que já cresceu em democracia e sucede aos empresários que se zangaram com o País em 1975. Por isso, não tem contas a ajustar. Por isso, é gente pragmática, optimista, provocante, ambiciosa, que defende a economia de mercado, a concorrência. E é nesse deslumbramento que António Carrapatoso subverte a realidade e "desideologiza" a palavra "revolucionário", chamando de "reaccionários" provavelmente a gente do Bloco de Esquerda e dos sindicatos imobilistas.

No fim da jornada de ontem, sobra um incómodo: para que serviu isto? Seja o que for, não pode extinguir-se num estudo que se entrega a quem aprouver – o Compromisso Portugal é um movimento de elite, não é uma consultora. Ser grupo de pressão não é defeito – é virtude, mesmo que a sua força resulte mais da representatividade económica do que da popular.

A Convenção do Beato não foi um comício, foi uma reunião de trabalho. E dela emerge uma constatação: o Compromisso Portugal tem uma visão e apresenta medidas para a alcançar. E esse é um desafio lançado a um Governo que parece sempre aprisionado pela gestão aflita do quotidiano.

Para um País, o melhor está em quem quer gerir o Estado. O pior está em quem quer gerir o poder. No Governo ou no Compromisso.”

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Mas afinal ... que é que esta gente quer?

(Ou a felicidade de ser apenas um cidadão)
Encontros para debater questões meramente económicas não são! Convenções gerais de natureza partidária não parece, igualmente, traduzir o conteúdo das mensagens ou a finalidade das intenções.
Lembro-me de ter reparado nas notícias publicitadas que, na altura do primeiro destes encontros no Convento do Beato, fizeram furor pela "película de verniz" social, espelhada em tão notáveis autores de intervenções e assistência. Aparentemente, por razões socialmente objectivas ou por meras fobias subjectivamente germinadas nos cidadãos que vão acumulando complexos sócio-político-partidários e/ ou ideológicos geradores de frustações, só me lembro de ter uma sensação e uma ideia imediatas: medo, perante a provável elite tecnocrática, constituída a partir do mais que provável mixed "ring" da residual elite dominante e da contra-elite ao Poder. Toda ela político-economicamente liberal, capitalista e pseudo-aristocrática.
Segui, com atenção, as opiniões de dois comentadores do Jornal de Negócios:
"Políticos assumem poder sem estarem preparados e estão orientados para a conquista do voto
Susana Domingos
sdomingos@mediafin.pt


António Carrapatoso defendeu hoje que os Governos têm assumido o poder sem estarem preparados para tal, tendo uma orientação focalizada na conquista dos votos, considerando o Estado “fraco”. O responsável aponta ainda o dedo à sociedade civil que “é fraca e pouco interventiva”.

Estas foram as principais razões apontadas hoje pelo Compromisso Portugal, através de António Carrapatoso, para explicar as razões que levam a que as reformas não sejam eternamente adiadas em Portugal.

Para começar, a sociedade civil "é fraca e pouco interventiva" , existindo uma "incapacidade dos governos de estruturar e explicitar uma visão de verdadeira mudança, da forma como a sociedade está organizada e funciona", afirmou o responsável.

António Carrapatoso afirmou que "os Governos assumem o poder sem estarem preparados, sem terem um programa de mudança. Têm uma visão táctica orientada para a conquista do voto", adiantando que "os governos têm uma fraca capacidade de gestão".

Estado é pouco independente
Carrapatoso considera que "há um poder desproporcionado de corporações e outros grupos de interesse sobre o Estado", afirmando que o "Estado é fraco e pouco independente, o que obriga a que exista uma sociedade civil atenta".

Outra razão apontada para a não concretização das reformas é o "facto de existir uma opinião pública pouco esclarecida e com uma elevada resistência à mudança".

Atendendo a estas razões, só a força e pressão da sociedade civil e uma opinião pública esclarecida permitirão ultrapassar estes factores de "bloqueio" e "forçar"a realização das necessárias rupturas, defende António Carrapatoso.

Na intervenção que decorreu no Convento do Beato, o responsável afirmou que "o modelo social actualmente é insustentável e injusto", não criando "igualdade de oportunidades e um dos sinais é o abandono escolar de 40%".

No que toca à segurança do trabalho, "as leis rígidas só vão prejudicar e portanto o Compromisso Portugal defende a flexibilidade como uma forma positiva para assegurar a segurança no trabalho".

Quando se referiu à justiça em Portugal, António Carrapatoso definiu-a como "incapaz, corporativa" e que "não dá confiança ao cidadão". O responsável defende a mudança do sistema judicial "se queremos confiar nele".

"O sistema de saúde tem falta de indicadores claros da sua eficiência. A qualidade ambiental tem vindo a degradar-se e, sem fazer convergência entre interesses da economia e do ambiente, até a economia fica posta em causa no longo-prazo".

Cidadão precisa de ser responsabilizado e valorizado
António Carrapatoso defendeu ainda que "o cidadão tem de ser responsabilizado e valorizado. Os direitos sociais têm de ser claramente definidos, o Estado tem de ser forte, independente e subsidiário e tem de existir flexibilidade".

O responsável acrescentou que "o modelo social tem de ser capitalizado mas mantendo pensões mínimas sociais".
"Compromisso na prática
Sérgio Figueiredo
sf@mediafin.pt


Uma nota prévia: agora que são conhecidos os seis documentos de base à discussão na Convenção do Beato, sem sombra de dúvidas que a qualidade do trabalho e da matéria de reflexão subiu vertiginosamente face à primeira iniciativa que o Compromisso Portugal realizou há dois anos.
O método deste ano partiu de grupos de trabalho, liderados por relatores, que produziram umas "versões preliminares", debatidas e aperfeiçoadas pelo "plenário" dos vinte e tal promotores principais.

Contrasta, para melhor, com o "improviso" de 2004, em que a Convenção foi baseada nas intervenções de mais de uma dezena de "estrelas", que ali desfilaram durante um dia inteiro. O Compromisso amadureceu, apresenta trabalho mais estruturado e essa é a primeira utilidade que a nossa classe empresarial dali pode extrair: há um exemplo que revela a diferença entre os resultados produzidos em equipa e aqueles que se obtêm a partir de iniciativas individuais.

Por mais brilhantes que sejam, os espanhóis habituaram-se a partilhar riscos, a unir esforços, a trocar informação, a dividir até clientes e seguirem em consórcio para mercados internacionais e projectos de grande dimensão. Ainda somos o país do "cada um por si" e essa atitude é uma barreira invisível para a competitividade.

Assim, sem ainda ter começado, esta segunda Convenção do Beato já está melhor do que a primeira. Longe de ser perfeita. Longe de ser equilibrada. Longe de ser uniformemente eficaz nas seis áreas que são propostas para a agenda nacional.

O que traz então concretamente de novo o Compromisso para Portugal?
O exercício mais completo e mais prático, até hoje conhecido, sobre a redefinição das funções do Estado. O relatório assinado por Fernando Pacheco e Nogueira Leite explora as boas práticas internacionais. Sobretudo na Educação, na Saúde e na Administração Pública. E adapta-as à nossa situação concreta.

Avança com metas quantificadas. Duplicar o peso dos privados na oferta de ensino. Aumentar, para cerca de um terço, a prestação de cuidados de saúde nos hospitais privados.

Estima impactos. E surpreende. É na gigantesca máquina pública, não tanto na cedência de funções sociais, é portanto no extermínio das grandes ineficiências do Estado que, à luz da experiência de Berlim, se obtêm as maiores poupanças.

Num curto espaço de tempo, o sistema de impostos pode ficar aliviado de 5 mil milhões de euros por ano. E quase 200 mil pessoas ficarão libertas para produzir algo de útil. Este trabalho já vale um Compromisso. Mas não o esgota.

No modelo social surgem as respostas que o PSD foi incapaz de dar. Sabemos, assim, os custos de transição para um sistema de capitalização: 155 mil milhões de euros. Uma barbaridade.
É proposto um método.

Emissão, anual, entre 2007 e 2051, de 3,5 mil milhões de dívida pública nova para pagar as actuais responsabilidades. Que implica, para o défice até 2051, um fardo anual de 0,6% do PIB só em pagamento de juros. E que a partir daí, com as amortizações, sobe para mais de 1% do PIB até ao fim do século. O exercício é meritório. A opção, propriamente dita, impraticável.

E há também um destaque muito especial para a Justiça e a Educação. E o mérito de enfrentar o reino das corporações. Dos juízes e dos professores. De colocar a transparência no centro das relações do Estado com os cidadãos.

De introduzir os mais básicos princípios de gestão. De premiar quem leva a sua profissão a sério. E castigar aqueles que não prestam contas, que atingiram o Nirvana, que confundem deliberadamente discrição com opacidade. E defendem o sistema.

Enfim, o sistema questiona-se e a elite autocritica-se. Essa é a parte mais estimulante do Compromisso Portugal."

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Enebriante contemplação sinfónica da Criação

À espera do nascer do Sol … para um mestre do outro lado do Atlântico!

Penso na separação geográfica que as distâncias climáticas evocam, sobretudo quando as consequências fisiológicas em animais já tão culturalmente fragilizados como nós, humanos, se fazem sentir com pequenas mudanças dos elementos naturais.
E lembro-me, também, das sensações que me provocaram todos os episódios que vivi, enquanto marinheiro, enquanto navegava juntamente com outros à procura de espécies piscícolas. Mesmo assim, julgo tratar-se de experiências marítimas nada comparáveis às que tiveram, em tempos ditos gloriosos de outrora, os nossos e os demais marinheiros, que autenticamente se lançaram na aventura do desconhecido, “por mares nunca dantes navegados” …!

É dentro deste espírito reconstituinte que espero, ainda, encontrar mestre JAM em terras de Vera Cruz, mesmo que continue por lá a cruz de já pouco ou nada ser vero, no 'grande baú' que é esse reservatório de memórias armilares …! Para tal, escolhi uma reconfortante e inspiradora composição musical que, sei, terá oportunidade de reproduzir, mesmo que a tal não se veja obrigado. E que o Mar nunca nos separe!

Poderia ser Claude Débussy, pode ser Maurice Ravel, mas o que é, certamente, não é outra coisa senão o maravilhoso impressionismo que só a inspiração dos “anjos” dos nossos sentidos consegue construir, através da vocação dos que Deus dotou com a capacidade de realizar essa proeza que é transformar a interpretação da realidade natural numa enebriante contemplação sinfónica da Criação.

Lever du jour” - Maurice Ravel, Daphnis et Chloé (fragments symphoniques - 2éme série)

terça-feira, 19 de setembro de 2006

A Costa da Galícia

Com o Outono a chegar, a frescura da costa da Galícia.

Mais uma vez me lembro dos poemas que no Publicista passam, pela pena da Ana Márcia ... Eu acho que esta área da literatura celta ainda há-de merecer, pela sua mão, escritos bastante prometedores. Por mim, sinto a imaginação ir bem longe, transportada pelos sons bem característicos da música que lhe escolhi, a condizer. Sinto-me em casa!
A Celtic Blessing
May the light of your soul guide you.
May the light of your soul bless the work that you do
with the secret love and warmth of your heart.
May you see in what you do the beauty of your own soul.
May the sacredness of your work bring healing, light
and renewal to those who work with you
and to those who see and receive your work.
May your work never weary you.
May it release within you wellsprings of
refreshment, inspiration and excitement.
May you be present in what you do.
May you never become lost in bland absences.
May the day never burden.
May dawn find you awake and alert,
approaching your new day with dreams, possibilities and promises.
May evening find you gracious and fulfilled.
May you go into the night blessed, sheltered and protected.
May your soul calm, console and renew you.
Ou ainda, para complementar o conteúdo desta mensagem de um abençoado desejo, em contornos do sagrado, mais este poema cantado de ... John Milton (Song):
Song
Now the bright morning Star, Dayes harbinger,
Comes dancing from the East, and leads with her
The Flowry May, who from her green lap throws
The yellow Cowslip, and the pale Primrose.
Hail bounteous May that dost inspire
Mirth and youth, and warm desire,
Woods and Groves, are of thy dressing,
Hill and Dale, doth boast thy blessing.
Thus we salute thee with our early Song,
And welcom thee, and wish thee long.
The Coast Of Galicia - Bill Whelan (The Sevile Suite)

Em estilo laboratorial, dissecando o Homo democraticus ...

Vejo que há artigos de opinião que poderão contribuir para as linhas de uma sempre necessária renovação da teoria política. Os conteúdos da crítica que por estes lados, no Jornal de Negócios, e os de outros articulistas, noutras bandas dos escaparates jornalísticos, se vão construindo, constituem um material empírico à espera de uma adequada constextualização teórica, que a politologia académica tem de abarcar.
Neste artigo retirado do JN a sua autora dá-nos uma visão das vicissitudes por que passam os protagonistas da elite política, como autênticos actores de uma ópera chamada democracia ...
"Um assunto demasiado sério
Luísa Bessa
lbessa@mediafin.pt

Há na política um pingue pongue verbal que faz parte das regras do jogo. Os partidos têm diferentes projectos e para se baterem por eles precisam de evidenciar as diferenças. Se fizessem o contrário deixavam de ter razão de existir.
Tocamos na essência da democracia. Ser eleito em função de um conjunto de propostas, governar de acordo com elas e depois ser avaliado pelos eleitores.

É verdade que às vezes as coisas não são assim tão simples. Nem os eleitos governam exactamente de acordo com aquilo que prometeram nem as propostas são, frequentemente, o critério essencial para a decisão dos eleitores, que avaliam cada vez mais a confiança que lhes suscitam os candidatos do que as propostas propriamente ditas. Mas isso é outra conversa.

De acordo com estas regras, a defesa de pactos de regime entre quem está no poder e quem está na oposição pode parecer «contra natura». Aplicando-se os «pactos» a matérias que vão mexer com interesses instalados - e convém ter presente que quando se muda alguma coisa há sempre alguém que sai prejudicado -, é óbvio que a colagem da oposição a este tipo de decisões a faz partilhar os custos.

Apesar disso, o PSD tem insistido na proposta de pactos para um conjunto de matérias e faz bem. Ao fazê-lo Marques Mendes corre o risco de partilhar alguns custos da reforma, mas assume-se como o interlocutor privilegiado do Governo e o rosto da alternância, com a postura de Estado necessária a quem se apresenta como candidato a líder do Governo. E disponível para as decisões difíceis a que o estado do país obriga.

Até agora a estratégia tem-lhe corrido bem. Na Justiça, ninguém ignora que foi o primeiro a propor um pacto, logo em 2005, iniciativa que José Sócrates rejeitou liminarmente. Um ano mais tarde, o pacto aí está. Pode pecar por defeito, nomeadamente por excluir o reforço da luta contra a corrupção, mas mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.

Seguiu-se a Segurança Social. Com as propostas do Governo em discussão entre os parceiros sociais, o PSD deu o passo em frente: classificou-as de insuficientes para o longo prazo e propôs que uma parte das contribuições fossem canalizadas para um regime de capitalização.
José Sócrates aproveitou a deixa e anunciou a indisponibilidade do PS para aceitar a «privatização» da Segurança Social. Para diluição já basta o acordo na Justiça, de menor carga ideológica, era a mensagem implícita.

Mas, apesar das declarações públicas, é preciso perceber que: 1) o PSD não propõe a privatização da Segurança Social mas a adopção de um sistema misto, semelhante ao que foi adoptado por governos sociais-democratas europeus; 2) que o PS não exclui liminarmente essa opção, apesar de tudo o que tem sido dito nos últimos dias.

Assim, se a discussão é para levar a sério, convém que o PSD responda rapidamente ao Governo, ao PS e aos portugueses, como se propõe fazer a transição e quanto vai custar aos cofres do Estado a quebra nas contribuições que asseguram o pagamento dos actuais pensionistas, para responder à provocação de Vieira da Silva de que o que tem para apresentar se resume a «umas folhinhas no jornal oficial [no site do partido] que até são de difícil leitura».

Se o não fizer conclui-se que está a usar a proposta de pacto na Segurança Social como mero instrumento do pingue pongue do discurso político, o que não convinha mesmo nada. Primeiro, porque o assunto é demasiado sério. Segundo, porque as propostas do Governo para o reforço da sustentabilidade da Segurança Social são um bom princípio mas podem não ser suficientes. E já não há tempo a perder."

Por que será que este tema - o da elite - dá sempre tanto que falar!?!

Não vou recomendar, por não ser cronologicamente viável a leitura oportuna de uma tamanha obra, a única tese de doutoramento em Portugal dedicada ao tema da elite, do meu querido Professor António Marques Bessa - "Quem Governa? Uma Análise Histórico-Política do Tema da Elite". Mas não faria mal a ninguém que a lesse, tal é a pertinência da sua leitura relativamente ao momento sócio-político que, nestes dias, se viverá em Portugal. Como nos dá conta este já nosso conhecido colunista do JNegócios, em mais uma das suas "bicadas":

"Razão para desconfiar

Sérgio Figueiredo
sf@mediafin.pt

Há duas formas de encarar o movimento de elites, como aquele que depois de amanhã volta a reunir centenas de gestores e empresários no Convento do Beato.

Uma, céptica, corresponde à visão de um dos nossos grandes advogados que, ao Jornal de Negócios de sexta-feira, explicava porque era rara aquela entrevista: "Não aparecer é uma das poucas formas de elitismo que restam em Portugal."

A outra, romântica, é aquela que leva o seu filho a aparecer. Não só a aparecer na Convenção de quinta-feira, como a promovê-la, a assumir ali o protagonismo do debate sobre o tema da justiça.

Portugal está algures, entre o distanciamento de Vasco Vieira de Almeida e o empenho de João Vieira de Almeida, à procura de um rumo. Por vontade do pai, não era o "Compromisso Portugal" que mudava o país. Se dependesse do filho, não era de mudança que se falava, mas de ruptura.

Modelo Social. Competitividade. Justiça. Papel do Estado. Ambiente e Ordenamento. Educação. São os seis temas à discussão, por um movimento que renasce dois anos depois, e sintetizados num documento já disponível na Net (www.compromissoportugal.pt) que os próprios classificam como "provocatório".

Evidentemente que o modelo social precisa de ser reformado, porque os resultados que delem se tiram resumem-se a um fracasso nacional. Não existe, aliás, outra forma de interpretar a "bandeira de Cavaco" no combate à exclusão, senão o reconhecimento, ao mais alto nível, desse fracasso colectivo.

A competitividade da economia tem de ser, como é lógico, objecto de reflexão, devem portanto remover-se os bloqueios que se colocam às nossas empresas, porque até hoje ainda não se inventou o progresso de uma nação sem empresas saudáveis.

E, como óbvio, não é possível encarar um país socialmente mais justo e economicamente mais competitivo, se a justiça continuar a ser aquilo que é, se o ambiente e o ordenamento do território continuarem a ser depreciados, se o Estado não sofrer o choque de mudança necessário.

E, por fim, para que tudo isto seja sustentável, para preparar as futuras gerações para prosseguirem o caminho de desenvolvimento, é necessário mudar a cultura que prevalece no nosso sistema de ensino.

Portanto, não falta mote ao "Compromisso Portugal". Nem faltam motivos para a elite se inquietar. Nem a nação está bem, nem muitos daqueles promotores se recomendam. Mas, e o "pai" Vasco que me desculpe, é sempre preferível vê-los em manifestações públicas do que em peditórios privados.

Outro Vasco, ainda mais céptico, o Pulido Valente, escreveu na primeira Convenção algo do género: "Se esta gente estivesse no poder, o Governo caía num dia." É uma afirmação que se autodestrói: eles não estão no Governo, por isso é um absurdo exigir-lhes que se comportem como se estivessem.

Também um colunista de um jornal não escreve a pensar assim, senão pelo menos VPV deixava de fazer aquilo que faz como ninguém, se pensasse como um ministro...

Há, portanto, uma terceira forma de olhar para o Compromisso Portugal: a oportunidade para debater o que é preciso mudar. Com rupturas – e elas são necessárias para derrubar o "império das corporações". Com transições – e elas são recomendáveis quando se discute o modelo social e o papel do Estado.

Não me interessam as ambições políticas do dr. Carrapatoso. E é idiota desqualificá-lo por razões como esta. Se querem algo mais pateta, fica aqui uma revelação: foi um espanhol, Rafael Mora, que baptizou o movimento de "Compromisso Portugal". Em vez de só patearem, podem cantar o Hino Nacional."

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

O Espírito da Água

Nestes dias de interpretações discursivas pontifícias, lembro-me de outras fontes de inspiração divina …

Lembro-me que a Ana Márcia escreve muito pertinentemente sobre os poemas que evoca. E que nesses artigos estará, algures escondida nas entrelinhas, a linha ou o sentido lógico das suas intenções, dos sentimentos que associa aos conteúdos dos respectivos poemas. Para qualquer um de nós leitores, acidentais ou não, tudo passará pelas nossas interpretações, quer recorramos ou não às técnicas de análise literária.

Mas para percebermos as manifestações divinas, creio, por tudo o que a vida já me ensinou, não é necessária tanta instrumentalização da razão. E, por isso, fico-me aqui com mais esta “oração” musical que, lembrando-me apenas da primeira passagem do livro do Génesis, constitui a minha libertação musical de hoje, sem ter que pedir desculpa a ninguém (…?)!!!

Spirit of the Water

See the lights out on the water
Come and go, to and fro
In the time it takes to find them
You can live, you can die
And nothing stops the river as it goes by
Nothing stops the river as it goes
All alone and all together
Every day, come what may
By the time we find each other
We can live, we can die
And nothing stops the river as it flows by
Nothing stops the river as it goes

Camel – Spirit Of The Water - Moonmadness

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Mensagem de Esperança e Solidariedade aos Irmãos Tibetanos

Pelo Publicista, pelo Dalai Lama e ... pelo Tibete! Com evocação musical de Yungchen Lhamo!

Há já uns tempos que recebo e-mails da ICT - International Campaign For Tibet - mas, com a notícia da condecoração do Dalai Lama pelo congresso norte-americano, decidi dedicar esta Musicologia da Libertação em memória desse sagrado canto do Mundo, com o fundo musical de uma cantora tibetana que, desde pequena, se viu forçada a fugir da sua terra natal e cujas músicas traduzem a influência da violência dessa separação!
The US House of Representatives today passed a bill to award the Dalai Lama, Tibet's exiled leader, the Congressional Gold Medal, the nation's highest civilian honor. The award is in recognition of the Dalai Lama's advocacy of religious harmony, non-violence, and human rights throughout the world and for his efforts to find a peaceful solution to the Tibet issue through dialogue with the Chinese leadership.
The bill enjoyed broad bipartisan support, with 387 cosponsors drawn from both sides of the aisle in the House and Senate, representing more than two-thirds of Congress.
Lodi Gyaltsen Gyari, Special Envoy of His Holiness the Dalai Lama, said: "As a Tibetan, I am deeply touched by this gesture from the United States Congress. Together with the Honorary Citizenship recently bestowed upon His Holiness by the Canadians, this award is an indication of continued international admiration and appreciation of his contribution towards making ours a more harmonious world."

Yungchen Lhamo - Happiness is ... (Coming Home)


Assim, passa a figurar no sidebar deste blogue a respectiva etiqueta, alusiva a uma causa com que me identifico, pelo que o faço com muito gosto. Para saber mais sobre esta realidade está lá o link.
For centuries Tibet, a vast high altitude plateau between China and India, remained remote from the rest of the world with a widely dispersed population of nomads, farmers, monks and traders. Tibet had its own national flag, its own currency, a distinct culture and religion, and controlled its own affairs. In 1949, following the foundation of the Chinese Communist state, the People's Liberation Army invaded Tibet and soon overpowered its poorly equipped army and guerilla resistance.
Tibet is important to China for strategic and economic reasons and because of the Communist Party's imperialist ambitions. In China today, it is a serious offence to say that Tibet is separate from China.
In March 1959, Tibetans rose up against the Chinese occupiers. The uprising was brutally crushed and the Tibetan leader,
His Holiness the XIV Dalai Lama, escaped to India, followed by more than 80,000 Tibetans. Tens of thousands of Tibetans who remained were killed or imprisoned. Untold numbers, but at least hundreds of thousands, of Tibetans have died as a direct result of China's policies since 1949 - through starvation, torture and execution.
'Tibet is a human rights issue as well as a civil and political rights issue. But there's something else too - Tibet has a precious culture based on principles of wisdom and compassion. This culture addresses what we lack in the world today; a very real sense of inter-connectedness. We need to protect it for the Tibetan people, but also for ourselves and our children.'

- Richard Gere, Chairman of the Board of the International Campaign for Tibet

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

O barco do desespero

Em jeito de despedida do Verão, num “barco de tolos”, olhando os horizontes de um pôr-do-Sol em decadência …

Há certos momentos do espírito em que a sua melhor tradução se expressa, melancolicamente, numa contemplação desgostosa da situação humana, tal será a anomia e a angústia colectiva provocada pela frustração de impotência, face às adversidades que vamos encontrando, as naturais e as provocadas pela estupidez humana. Não admira, por isso, que Jim Morrison se comportasse como um tolo. Ele que, mesmo assim, não teve a oportunidade de viver as réstias de esperança que acreditava ainda possível para a continuidade deste mundo “voltar a casa”. No entanto, talvez tenha voltado para a casa que, realmente, queria!


Ship Of Fools

The human race was dying out,
No-one left to scream and shout
People walking on the moon,
Smog will get you pretty soon
Ev'ryone was hangin' out,
Hangin' up and hangin' down
Hangin' in and holdin' fast,
Hope our little world will last
Yeah, Along came Mister Goodtrips
Looking for a new ship
Come on, people, better climb on board;
Come on, baby, now we're going home
Ship of fools, ship of fools,
Smog will get you pretty soon
The human race was dying out,
No-one left to scream and shout
People walking on the moon,
Smog will get you pretty soon

The Doors - Ship Of Fools (Morrison Hotel)

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

O Céu é uma República Universal

As desilusões dos naturofilistas!

Resolvi dedicar este artigo da minha musicologia à cantora tibetana Yungchen Lhamo, nesta sua interpretação evocativa da necessidade do espaço de sentimento de liberdade que pode ser o céu ("Sky"), porque sou testemunha, também pelo que observei passar-se em Cabanas de Tavira (era o meu paraíso em 1973/74), das razões que levaram este leitor do JN a queixar-se do que consigo se passou na Zambujeira do Mar, que eu também conheci há 16 anos! ... E não vejo, nos sítios do Google sobre esta localidade, foto alguma do Bar da Praia! Razões de qualquer um dos que ame a natureza e sinta que manifestá-las não seja apenas um lamento, mas um grito de sinal! De que, ainda, podermos resistir!

"Zambujeira na hora da despedida
Frequentei o Algarve, Tomatoes´Beach, no final dos anos oitenta. O areal, forrado a toalhas Moschino, made in Alcochete, acolhia todo o tipo de fauna ministros sem pasta, mestres-de-obras com pasta, massagistas-leninistas, alguns esfregões de ideias, tias sortidas para todas as bolsas, artistas de plástico, um ou dois cirurgiões plásticos: - Ó Diogo, está a ver aquelas mamas rosa-choque?!, são minhas.Entre dois mergulhos e uma bisnagadela factor 92, não fosse o sol deprimir, discutiam-se, então, os sucessos da Pátria faltavam 600 metros para concluir a via rápida Quinta da Marina-Marraquexe, sem passagem pela Mealhada. O nosso PIB tinha já ultrapassado o do Gana e, pasme-se, preparava-se para superar o do Estrela da Amadora. Que mil Cavacos floresçam entre nós!, pedia-se.Desisti do Algarve quando, certo Verão, concluí que para comer dois rissóis e beber um sumo quase natural, teria, ao fim de doze rissóis, de vender o Clio-quase-pago e deixar a namorada como garantia.Subi, então, para a Zambujeira, que me acolheu na última década e meia. Recordo, com emoção, as noites quentes do Sudoeste - o pó, o cheiro a liberdade e a magia dos sons, misturando-se no ar como se fosse Sábado.Na Zambujeira do Mar tudo era diferente os peixes-aranha mais másculos, os charros mais ardentes, os cães tinham pulgas a sério, as donas dos cães não faziam brushing, os agentes da GNR, dois ao todo, multavam e reprimiam como gente grande. A nadadora-salvadora sabia a mar. "Espera-me entrando".Tudo corria bem até ontem. Ao tentar alugar a casa do costume, a senhora informou-me que todo o quarteirão virara condomínio fechado, com suites voltadas para o Rato e casas de banho com banda larga. O quiosque onde habitualmente comprava mortalhas era, agora, um posto avançado do SIS. Um néon, impante, anunciava "escutas sempre frescas". A tasca do Zé transformou-se num restaurante japonês com um nome quase pornográfico. O besugo deu em sashimi. Por fim, a praia dos nudistas, converteu-se num aquaparque com ministros amestrados e comentadores que vêm comer à mão.Fugi, espavorido, para o Porto. Nada mais simplex este ano acampo na Avenida dos Aliados, junto à piscina do Siza. Como não há relva, levo uma esteira de casa. Made in Zambujeira, está claro.


Yungchen Lhamo - Sky - (Coming Home)

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

A Humanidade não tem fronteiras

E porque amanhã, 11 de Setembro, não tratará apenas do começo de mais um ano lectivo, mas da evocação de uma data que tocará, talvez durante séculos, os corações da Humanidade!

Lembro-me do que já aqui tenho evocado do nosso Garb Al-Andaluz, e de como melodias como a que se pode ouvir, deste compositor argelino, nos transportam para esta espiritualidade mediterrânica, sempre irredutível na contemplação terrena dos nossos desígnios mais marcantes, sempre inigualável nas aspirações da alma e na virtuosidade!
Apenas desejo que os leitores não encontrem dificuldades na tradução da net-referência que segue, porque mais não quero dizer, nesta data que deve ser o exemplo de quando devemos respeito por todos quantos têm, naturalmente, direito a isso! A Humanidade não tem fronteiras!

"Rachid Taha

Never mind the war on terrorism, what about the war on fear, complacency, ignorance, racism, poverty and lies. That's a struggle that Rachid Taha has been fighting for the past two decades and more, ever since he was a tear-away punk immigrant from Algeria gobbing metaphorically and no doubt literally at the good burghers of Lyon in France. His band, Carte de Sejour (the French for 'residence permit'), proved that rock power, punk attitude and Arabic roots could get along famously if mentored by a passionate, razor-sharp and mouthy soul like Taha. Being proudly North African on the one hand and truly rebellious on the other has always meant struggle on many fronts and Rachid Taha has spent his whole career lobbing musical molotovs at the latent and, as recent event have proved, not so latent racism of the French in the form of classic songs like 'Voile Voile’ and 'Douce France' whilst berating his fellow North Africans for lack of ambition, obsession with tradition, cabaret complacency and enslavement to rai. 'There isn't only rai,' Taha said recently. 'My music has always been more influenced by chaabi (old style pop, mainly from Algiers & Ed) which I’ve always loved because of its poetry and rebelliousness.' After leaving Carte de Sejour at the end of the 1980s, Taha teamed up with the British producer and trance meister Steve Hillage to record a series of classic albums including 'OlÈ OlÈ', 'Made in Medina' and the classic 'Diwan', which features Taha's monster hit cover of 'Ya Rayah', an old song written by the Algerian Berber legend Dahmane El Harrachi. With its expert blending of North African roots, rock and house inspired electronica, 'Diwan' is nothing less than a template for the future development of North African music. Above all Rachid Taha is a great showman, delivering rude-boy witticisms and hilarious insights with sweaty passion whilst his band fire off raucous rock riffs and snakey Arabic melodies. It's a clear case of never mind the world music bollocks, here’s Rachid Taha. Courtesy of WOMAD.

«French-Algerian singer Rachid Taha's view of world events is not one that's shared by many people. He was quoted recently by BBC's 'The World' as saying, "When I hear George Bush, and when I hear Osama bin Laden, I hear two bedouin nomads. The only difference he says, is that one of them is from the desert of Texas and drives an SUV, and the other is from the desert of Saudi Arabia and rides a dromedary." Taha says Bush and bin Laden come from similar well-heeled backgrounds. And both, he says, use a similar fundamentalist rhetoric.»
No booklet do disco aqui evocado pode ler-se, a respeito do tema a ouvir:
"Barra Barra
À LÉxtérieur
Constat impitoyable sur le chaos généralisé dúne société,
ici ou ailleurs, qui a perdu ses points de repères.
Les youyous introduits au début et les notes plaintives du luth
soulignent l'aspect dramatique de la réflexion,
sur fond de mélodie orientalo-maghrébine.
Dehors, règnent la tristesse
Et l'insécurité
Les oiseaux ont cessé de chanter
Et peur de la majorité silencieuse
Les rivières se sont asséchées
Il n'y a plus que désolation
Enfer et damnation
Plus de respect ni dignité
Obscurité, obscurantisme
Et maisons sans vie
Le soleil, lui, a préféré
aller se coucher



Rachid Taha - Barra Barra (Made in Medina)

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Prenúncios de Tempestades

Mais uma vez recordando as 'homilias' da música dos anos 60/70, em mais uma das noites de lua cheia, com prenúncios de tempestade (?)!

Neste turbilhão de desconfortos, de ânsias e inquietudes, que o tempo que passa não passa, nem com notícias de terras de Vera Cruz, continuo a minha saga de Professor hiper pessimista. Já percebi as análogas preocupações do meu mui citado mestre JAM, que nem os banhos Atlânticos das praias do lado de lá conseguem lavar, tão manchada anda a nossa doméstica alma que continuamos a querer defender, cá dentro e lá fora, sempre tão longe quanto a imaginária armilar nos permita sonhar!
Por isso, revejo-me nesta evocação que faço, em jeito contemplativo, nas profecias de um pleno de luar atravessado por 'manchas' de uma rentrée que, Deus queira, não se apresente tão conturbada quanto este astro feiticeiro nos mostra! Nem que continuemos "cavaleiros de tempestades"!

Riders On The Storm

Riders on the storm
Riders on the storm
Into this house we're born
Into this world we're thrown
Like a dog without a bone
An actor out alone
Riders on the storm
There's a killer on the road
His brain is squirmin' like a toad
Take a long holiday
Let your children play
If ya give this man a ride
Sweet memory will die
Killer on the road, yeah
Girl ya gotta love your man
Girl ya gotta love your man
Take him by the hand
Make him understand
The world on you depends
Our life will never end
Gotta love your man, yeah
Wow!
Riders on the storm
Riders on the storm
Into this house we're born
Into this world we're thrown
Like a dog without a bone
An actor out alone
Riders on the storm
Riders on the storm
Riders on the storm
Riders on the storm
Riders on the storm
Riders on the storm
(Lyrics retirados do Google)

The Doors - Riders On The Storm (L. A. Woman)