sábado, 1 de julho de 2006

"Greves de Verão"

Porque será que ninguém gosta de Sócrates?

Ainda virá o dia em que ouvirei alguém dizer bem do nosso Primeiro! Será que o homem não acerta uma? Não creio! E nalgumas das suas tiradas de política governativa, creio, é preciso ter muita coragem. Sim, também para se ser político de alta craveira é preciso ter coragem, estômago, fígado, coração, pernas ... emfim, cabeça ... .É preciso ter muita saúde, física e mental, porque a pressão fisiológica nestas andanças é tremenda! E, ainda por cima, não gostarem de nós, ... não! Isso não é bom para a nossa saúde, sobretudo para a nossa 'psique'! Eu, de momento, saúdo-o com uma máxima muito lusa: o que é Sócrates é bom! Mas que não tenha de beber o cálice da cicuta!
Não. Para isso já bastou o que foi injustamente acusado de degenerar a juventude ateniense, há mais de vinte séculos atrás! E também o nosso Primeiro não anda a corromper ninguém, não é? Nem a degenerar a sociedade portuguesa! Nem a transformar a nossa estrutura social! Nem a seduzir a nossa juventude com cheques tecnológicos, não é? Nem, simplesmente, a convencer as Forças Armadas para ... nem a Polícia de ... nem os professores como ... nem os funcionários públicos se ... nem os médicos nas ... nem os farmacêuticos pelas ... nem os empresários até ... nem as universidades com ... ou será que estamos perante uma autêntica revolução silenciosa? Subtil! Mas ... de que género ou matriz? Será que os portugueses nunca ouviram falar de revolução socrática? Fico-me com mais uma opinião do ... hã ... Jornal de Negócios:



"Greves de Verão
Sérgio Figueiredo
José Sócrates gosta de aquecer o Verão. O ano passado, foi a «guerra aos regimes especiais» da função pública. Um rastilho que acabou por incendiar militares, polícias, juízes, professores e enfermeiros. O Verão entretanto passou, a temperatura baixou e, com acertos, aqui ou ali, meros retoques, o facto é que o essencial resistiu à contestação.Os sindicatos, com as deslocalizações de fábricas, deixaram de lutar contra o grande capital por uma razão simples: quando lá chegam, já o capitalismo zarpou para a China ou Índia. Por isso, pela falta de comparência do inimigo ideológico, andam os sindicalistas todos em cima do Estado - afinal, o maior patrão do país.Não era um braço-de-ferro difícil. Aliás, raramente era um braço-de-ferro: como podem os políticos do momento resistir à tentação de realizar a despesa hoje, quando ela será paga pelos impostos de amanhã?Sempre foi fácil governar assim. E foi assim que o descalabro das contas públicas chegou onde chegou. E, por conseguinte, a carga fiscal perdeu a capacidade de comportar mais e mais despesa.Seja a mobilidade da função pública, seja a extinção de organismos da Administração Central, seja o Simplex que irrita burocratas, seja os «regimes especiais» que, como se está a ver no Metropolitano de Lisboa, ainda proliferam intactos nas empresas de capitais públicos, seja por tudo o que de impopular está a ser feito, o resultado de todas as greves vai ser um. Nenhum!Nas greves que decorrem, nas greves que se anunciam e nas greves que se adivinham. O Estado não vai pagar, o Governo não vai ceder. Não por causa da tão propagada coragem do primeiro-ministro. Dava no mesmo, fosse Sócrates um covardolas. Não há cedências, porque não há dinheiro.A razão é tão simples quanto esta: o Ministério das Finanças está teso - e ainda bem que assim é, porque só assim a reforma da Administração Pública sairá finalmente do papel. E isso é uma boa notícia para a economia, portanto, para a nossa prosperidade futura.Ninguém sabe se Sócrates está a fazer mais reformas porque é mais corajoso que Barroso, mais persistente e mais consistente que Santana, mais consciente que Guterres ou por ter a maioria absoluta que não teve nenhum daqueles que o antecederam. Mas restam poucas dúvidas de que estas reformas, e as medidas difíceis associadas, existem porque não há alternativa e não chegam porque são insuficientes.Por isso, por não ter alternativas nem aliados, este é um daqueles momentos em que um Governo deve ser apoiado. Não contra os sindicatos, menos ainda contra os funcionários públicos. Mas porque Portugal.Como nos anos decisivos de adesão à moeda única, a oposição viabiliza, com um silêncio significativo, as reformas no Estado, os empresários fazem a sua parte, acabam com a choraminguice, e a comunicação social faz a pedagogia da solução, abandona a crítica ao problema, a crítica inconsequente.O Simplex é propaganda? Mas é uma boa ideia? Então passa a ser nossa obrigação não deixar que fique por um anúncio de intenções. O PRACE é um embuste? Mas é inevitável? Então há que cobrar, há que exigir, há que pressionar a realização.É normal, é até compreensível, que os visados olhem para Sócrates e vejam novamente um pirómano à solta. Na verdade, é um bombeiro de serviço. Se for consequente, ao serviço até daqueles que hoje pensam dele o pior possível."

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