sexta-feira, 11 de maio de 2007

Vergonhas nacionais?

Ora digam lá se não estamos perante duas grandes vergonhas nacionais! E se não têm nada a ver uma com a outra! Não me admira que, assim, já tenha ouvido praguejar e mandar a democracia deste país das bananas à merda!
São mais duas tiradas de outros sítios, certamente já catalogados no index das maldições ou excomunhões! A julgar pela persistência das críticas, os respectivos autores ainda serão indexados como hereges do politicamente correcto!
Ao mesmo tempo que, segundo números da Comissão Europeia, o poder de compra dos trabalhadores portugueses registou, em 2006, a maior descida dos últimos 22 anos, a CMVM anunciou que, entre 2000 e 2005, os vencimentos dos administradores das empresas cotadas em bolsa duplicaram (e nas empresas do PSI 20 mais que triplicaram!). Isto é, enquanto pagam aos seus trabalhadores dos mais baixos salários da Europa a 25 (e todos os dias reclamam, sob a batuta do governador do Banco de Portugal, por "contenção salarial" e "flexibilidade"), esses administradores duplicam, ou mais que triplicam, os próprios vencimentos, vampirizando os accionistas e metendo ao bolso qualquer coisa como 23,9% (!) dos lucros das empresas. Recorde-se que o Estado é accionista maioritário ou de referência em muitas dessas empresas, como a GALP, a EDP, a AdP, a REN ou a PT, cujas administrações albergam "boys" e "girls" vindos directamente da política partidária (cada um atribuindo-se a si mesmo, em média, 3,5 milhões de euros por ano!). Se isto não é um ultraje, talvez os governos que elegemos (e o actual é, presumivelmente, socialista) nos possam explicar o que é um ultraje. O mais certo, porém, é que se calem e continuem a pedir "sacrifícios" aos portugueses. A que portugueses?»
Luísa Bessa
"De onde vem todo este dinheiro?" é a pergunta que perpassa, de modo quase obsessivo, o filme de Nani Moretti sobre Silvio Berlusconi. A pergunta fica no ar mas, a dada altura, o dinheiro cai, literalmente, sobre a cabeça do futuro primeiro-ministro italiano.

A imagem ocorre a propósito do comendador Joe Berardo, que partilha com Berlusconi alguns atributos. Um deles é a opacidade sobre a origem da sua fortuna. O outro é a atracção pelo negócio dos media, a que Berardo também sucumbiu mas que entretanto vendeu, com as habituais mais-valias. Num ponto não coincidem: enquanto Berlusconi se virou para a política, o comendador preferiu ser "mecenas" de arte moderna.

Berardo já passou por várias fases. Já comprou empresas, que entretanto passou a gerir, e depois vendeu. Foi o que fez nos jornais, por exemplo. Mais recentemente concentrou-se nos investimentos em bolsa, em algumas das "blue chips" nacionais, onde tem aplicados mais de 600 milhões de euros. Mas não perdeu o gosto pelas incursões hostis, que ele sabe que acabarão por ser dinheiro em caixa. Que o digam João Rendeiro, que o teve como sócio nas águas Frize, ou a família Guedes, que com ele convive agora numa sociedade "holding" de controle da Sogrape.

Ganhar dinheiro não é pecado. Pecado pode ser a forma como se ganha dinheiro. Ora como Joe Berardo – o homem que se veste sempre de preto sem que se saiba porquê, como consta na sua biografia na Wikipedia – só é discreto no vestuário, o seu comportamento dá muito nas vistas e chamou as atenções do "polícia" do mercado.

Que passou a estar atento ao ciclo das suas declarações de que está numa determinada empresa para ficar, para vender a seguir na primeira oportunidade. A questão é demonstrar se as declarações de Berardo representam uma manipulação do mercado, contribuindo objectivamente para fazer subir as cotações, de que vai tirar proveito mais tarde.

É matéria de difícil ou quase impossível prova, mas lá que existe um padrão nas intevenções do comendador, lá isso existe. E quando existem demasiadas coincidências, há razões para desconfiar.

O "modus operandi" de Joe Berardo pode não ter nada de ilegítimo. Não é crime ser especulador financeiro. E se Berardo usa a comunicação social para passar a sua mensagem, a comunicação social também o usa a ele para bater a concorrência, vender jornais ou tempo de antena.

A verdade é que o sucesso do comendador suscita invejas e o seu estilo predador deixa um rasto de inimigos. Como não nasceu em berço de ouro e cultiva um estilo controverso, Berardo é um alvo fácil de maledicência.

Também discutível é o veículo que utiliza para o investimento em bolsa. Ao fazê-lo através da sua fundação, reconhecida como instituição de solidariedade social, Berardo tem direito a um conjunto de benefícios fiscais, nomeadamente à isenção de impostos sobre mais-valias, condicionada à sua aplicação na própria fundação. Mas como não há ninguém que fiscalize a forma como os dinheiros são aplicados, a situação configura uma espécie de paraíso fiscal.Que o Governo – este e todos os outros que o antecederam, pelo menos desde António Guterres – pactue com esta situação, sem clarificar o regime legal das fundações, só não é motivo de escândalo porque já nada escandaliza neste país à beira mar plantado.»

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