Mais uma do 'Pedrito' de ... Jornal de Negócios
Vejo-me novamente face a mais uma tirada que poderia muito bem constituir uma aula de comunicacionalogia (ou, mais axiologicamente, de deontologia comunicacional institucionalizada). Daquele Pedrito que já nos habituou ao seu "mau génio" ... aquilo deve ser de família, que ele parece mais um dos que, como eu, estão rotulados de inconveniente ...!
Ora vejam lá se entendem porque é que eu gosto de relançar aqui estas do tal "menino maravilha" (é-o para mim) do J Negócos:
«A ceia do Cardeal
Justificação oficial: foram "os contactos na alta finança e alta política" que levaram à nomeação de Pina Moura pela Prisa em Portugal. É preciso dizer mais?
É preciso dizer mais do que disse ontem o patrão de Pina Moura? Manuel Polanco foi cristalino: que não, que não é por ser do PS (nem pelos méritos enquanto gestor de "media" – ao menos pouparam-nos a essa hipocrisia) que Pina Moura vai ser presidente da Media Capital e da TVI. É pelo seu poder de lóbi.
Que "contactos na alta política" tem Joaquim Pina Moura que possam aprouver à Prisa? Basta olhar para o seu "curriculum vitae" e concluir o silogismo: no PS. Que por acaso é o partido que está no Governo, com uma maioria absoluta na Assembleia da República. Que por acaso é tão socialista como o partido espanhol com que a Prisa está alinhada. Que por acaso vai decidir o futuro dos "media" em Portugal, em aspectos fulcrais como o concurso da Televisão Digital Terrestre (TDT), que assenta como uma luva na necessidade da Media Capital viabilizar um elefante chamado RETI.
A reacção de repúdio peninsular pela contratação de Pina Moura (que só José Sócrates acha normal) não tem nada a ver com o rótulo de "pesetero" que se quis colar na farpela do ex-ministro da Economia quando aceitou ser presidente da Iberdrola, a quem tinha viabilizado parcerias em Portugal enquanto governante. E invocar a condição de "amigo dos espanhóis" é não só preconceituoso como menoriza a questão em causa: a Prisa olha para o seu Cardeal como Maquiavel olhava para o seu Príncipe – os fins justificam os meios. Pina Moura é o meio entre as ambições e o seu sucesso.
Os "media" não estão num sector qualquer. São jornalismo, são negócio e são poder. Em Portugal, há uma mudança empresarial acelerada em todos os grupos, que dentro de poucos anos estarão irreconhecíveis. Por causa da Televisão Digital Terrestre, por causa da guerra pelo controlo da PT Multimedia, por causa da própria OPA da Prisa sobre a Media Capital, por causa dos novos canais cabo, por causa das plataformas digitais...
É verdade, ademais, que em Espanha o sector dos "media" é muito diferente do de Portugal. Porque é muito melhor gerido. Mas também porque a independência editorial é um conceito muito mais relativo. Os jornais portugueses são meninos de coro ao pé dos seus congéneres espanhóis. Lá, como enaltece Pina Moura, há um alinhamento ideológico explícito. Basta ver, por exemplo, a recente guerra quase diária sobre as verdadeiras razões para o envolvimento espanhol na invasão do Iraque.
Essa guerra não é só entre o PP e o PSOE; é entre o "El Mundo" e o "El País". Mesmo na imprensa económica espanhola se reconhecem alinhamentos, sobretudo empresariais.
Pina Moura diz que todos os jornais são alinhados, só que os espanhóis são mais transparentes e os portugueses sonsos. Este é um bom sinal sobre como actuará este gestor de "media". Mas Pina Moura está enganado. O Jornal de Negócios, por exemplo, tem um alinhamento claro, disponível no seu "site". Chama-se Estatuto Editorial. E por mais que custe perceber a quem vem da política, esse alinhamento não é partidário. É pela liberdade dos mercados sobre os interesses de grupos organizados, o comércio sobre qualquer proteccionismo. E pela igualdade nas condições de acesso a mercados e a negócios, acima portanto da "alta política". Ou da baixa...
Em breve saberemos se estes alertas são teorias de conspiração ou complexos de perseguição. Veremos quem ganhará o concurso para a TDT. Ou como termina a redistribuição de poderes com a PT Multimedia e os novos canais cabo. Saberemos então perfeitamente para que quer Manuel Polanco os "contactos na alta política" de Pina Moura: para ganhar.»
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