quinta-feira, 31 de maio de 2007

Algumas espontâneas honestidades em dia de greve alegadamente geral!

Reparo nalgumas das notícias que me vão chegando à caixa de correio e noutras das parangonas da mediocracia destes 'brandos costumes'.

Duas delas me chamaram a atenção:
1. A juventude com ares de grande maturidade expressa com alguma pública coragem por este 'menino com coração de oiro' (ai se o SLB tivesse o dinheiro do Manchester FC!?):

«(...) "Sei o meu valor. No Manchester irei realizar o mesmo trabalho que desenvolvi no FC Porto e se possível ainda melhor, porque quero dar expressão ao sonho. Quero que tudo dê certo. Estou preparado para tudo. A motivação é muita. E depois, o facto de ir jogar na mesma equipa desse grande jogador que é o Cristiano Ronaldo, assim como o Rooney e tantos outros, e ser treinador por Alex Ferguson é algo que só conseguia imaginar e que agora vou poder concretizar. O que posso dizer? É um sonho do tamanho do Mundo", concluiu Anderson.»

2. A doutoral 'aula' de Economia Social de mais este "biqueiro" do Jornal de Negócios, que não me inibo nem me coíbo de aqui a transcrever:

"Os novos luditas
Leonel Moura

São cada vez mais frequentes os discursos contra as novas tecnologias. Não é novidade histórica pois sempre se reagiu à inovação. A mudança causa sempre perturbações e terrores. Acima de tudo naturalmente nos sectores mais conservadores e instalados mas por vezes também nas vanguardas culturais e políticas.

Basta pensar nos luditas, esse importante movimento social do século XIX que se bateu contra a introdução no sector dos têxteis da nova maquinaria criada pela revolução industrial. Além da argumentação política e reivindicativa os luditas dedicavam-se igualmente à destruição das máquinas que viam como ameaça ao seu modo de existência. E tinham alguma razão. Qualquer nova tecnologia representa invariavelmente o extermínio das tecnologias que lhe antecederam. Quem não se lembra ainda das "velhas" máquinas de escrever tornadas subitamente obsoletas com o aparecimento do computador? E quantas fábricas destas máquinas e suas componentes faliram criando instabilidade social e desemprego? Além dos benefícios, as inovações geram com frequência vastas crises sociais, já que o tempo de implementação das tecnologias é frequentemente mais veloz do que o tempo de adaptação dos homens a elas.

Portanto, que estes processos têm o seu lado negativo é uma evidência. Não se pode alterar irremediavelmente modos de vida e a própria percepção que temos das coisas e do mundo sem sofrer alguma dramáticas consequências. Mas é preciso distinguir a usual resistência ao novo, dos argumentos críticos inteligentes e sérios que em si mesmo ajudam à evolução.

Um novo tipo de ludismo prolifera, afectando tanto direita quanto esquerda, umas vezes por medo de liberdade, outros em pretensa defesa de direitos, costumes e memórias do que já não existe. Não há por exemplo dia que passe que não se ouça falar dos perigos da Internet, principalmente para as crianças, da denúncia dos jogos violentos, do Second Life, afinal uma evolução "natural" do virtual e do VRML, ou da dependência telemóvel dos adolescentes. Em particular a muita gente continua a meter medo a existência de um espaço de grande liberdade, como a Internet, onde cada um pode colocar as suas ideias, opiniões e também naturalmente fantasias e perversões. E neste último caso sempre é melhor exibi-las do que escondê-las, para que se conheçam e possam tratar social e clinicamente. Outros não vêem nos avanços tecnológicos mais do que as garras do capitalismo que a todos querem vender a moto, como escreveu Ignacio Ramonet e de passagem controlar consciências e destinos.

A outro nível, mais relevante, surgem os medos das máquinas e da inteligência artificial e ainda mais fortemente as questões éticas sobre a vida e a morte ou os perigos da manipulação genética com o reavivar desse sempre eterno projecto de eugenia. É aliás neste domínio que a controvérsia é maior e nem sempre a melhor, já que frequentemente contaminada por crenças, fantasmas e muita ignorância.

A evolução do humano não é obra exclusiva da natureza. Com a cultura e a capacidade de transmitir conhecimentos de geração em geração o humano é também um produto evolutivo de si próprio. Isso permitiu-lhe, por exemplo, adaptar-se a condições ambientais extremas para as quais a sua pele natural não está preparada. Mas hoje essa ampliação das capacidades herdadas, no fenótipo, o corpo e no genótipo, os genes, encontra-se em franca expansão e é objecto de poderosos meios de investimento e investigação. São as múltiplas próteses que se vão agarrando ao nosso corpo, as drogas que melhoram a performance, a engenharia vária que nos prolonga a vida já a rondar o centenário. E a própria inteligência que se acelera com a ajuda de engenhos por nós criados. Hoje um homem e o seu computador constituem juntos uma tremenda máquina sinergética de raciocínio e criatividade. Amanhã um homem estimulado e acompanhado por um robot inteligente fará coisas que por si só nunca seria capaz.

Os luditas de hoje atacam a Internet e temem todas as inovações, da genética à robótica. Têm alguma razão no sentido em que assistem impotentes a transformações que provocam instabilidade e insegurança geral. Mas mais uma vez falham o alvo, porque a evolução humana e tecnológica não podem parar e muito menos simplesmente rebentando dois ou três infelizes computadores."

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Heresia? Parece, mas ... não é!

Apenas mais uma daquele Sr. Pina

Não é, não, depois de mais uma edição do "Politilendo" em que se falou do ocultismo da Igreja! É tão só mais uma evocação de marcas (talvez apenas isso?) que nos modelam, eventualmente de forma irremediável, algumas das nossas capacidades fundamenais como ser humanos! Mas, a traduzir o resultado dos ganhos sociais que o conhecimento progressivo vai provocando (ou racionalizando a dinâmica cultural, para referir esta definição do Mischa Titiev 1), estamos perante uma autêntica revolução na "Revelação" da Fé!

Mais uma vez, a Igreja! E eu que também tenho reminiscências do meu 'céu', apreendido no catecismo da minha infância! Muito participativamente! Acólito e tudo! E depois? Depois foi Lisboa e o Liceu D. João de Castro! E a "musicologia da libertação"! E o MAEESL de 71 e 72! E Amesterdão, Krishna, Buda e o Corão! E depois sou Eu! Então?

"O Além mais "simplex"


A "simplexificação" chegou ao Além. A Igreja acaba de desactivar o limbo, morada das almas das crianças não baptizadas, mortas sem terem tido tempo de cometer pecado mortal nem de se redimirem da culpa de terem nascido. Aos 10 ou 11 anos, eu imaginava o limbo como morada também das almas dos animais (como podia eu admitir que a minha afectuosa gata "Gira" não tivesse alma e o meu professor de Matemática tivesse?) e, tendo-me alguém convencido de que a Igreja só teria concedido alma às mulheres a partir do Concílio de Trento (teriam então Santa Cecília, Santa Ágata ou Santa Genoveva, perguntava-me eu, sido santificadas sem possuírem alma?), que seria também esse o destino das suas "proto-almas", ou lá o que mulheres teriam até essa data no lugar da alma. O limbo dava-me um jeito enorme para arrumar as almas puras que escapavam às severas regras de acesso ao Paraíso que me ensinavam na catequese. Agora a Igreja concluiu que o limbo reflectia, afinal, "uma visão excessivamente restritiva da salvação" e decidiu extingui-lo e transferir administrativamente as almas excedentárias para o Paraíso. Mesmo sem ser teólogo, eu sempre soube, porém, que as almas das crianças e as dos animais, como diz o Corão, "estão reunidas junto do Senhor" (Corão, 6, 38)."

Retirado da "Última" do JN de 2 de Maio
(1) TITIEV, Mischa, Introdução à Antropologia Cultural, Fundação Calouste Gulbenkian, 5ª ed., Lisboa, 1985, pp. 163 e ss.

sábado, 12 de maio de 2007

Tempos pródigos

Estou mais uma vez em Lisboa, neste baixo de astral que, sintomaticamente, reagiu bem à passagem pela região de Fátima, esse pacífico lugar de elevação dos espíritos ao Céu (com Maria ou, mesmo, para os que com Ela não convivem. Se não na ideia, há sempre lugar para a comunhão do espírito, pois ... vale bem a pena, "quando a alma não é pequena"!)
É neste contexto de evocação anímica, a puxar para a efeméride que marca um dos 'cantos' mais profundos da nossa cultura (mariana), que gostaria de exortar a sublime sensação de bem-estar que pode causar este trecho musical, bem ao gosto e dentro da aura que neste momento centenas de milhar de pessoas estarão a viver lá para aqueles lados de ... Fátima!

Neste mês que é

do coração

da Mãe

das flores

de Vénus

de Adriano

da chuva abençada

do recomeço da vida!

da Mãe Natureza!

Obrigado


Ave Maria (Schubert)


sexta-feira, 11 de maio de 2007

Vergonhas nacionais?

Ora digam lá se não estamos perante duas grandes vergonhas nacionais! E se não têm nada a ver uma com a outra! Não me admira que, assim, já tenha ouvido praguejar e mandar a democracia deste país das bananas à merda!
São mais duas tiradas de outros sítios, certamente já catalogados no index das maldições ou excomunhões! A julgar pela persistência das críticas, os respectivos autores ainda serão indexados como hereges do politicamente correcto!
Ao mesmo tempo que, segundo números da Comissão Europeia, o poder de compra dos trabalhadores portugueses registou, em 2006, a maior descida dos últimos 22 anos, a CMVM anunciou que, entre 2000 e 2005, os vencimentos dos administradores das empresas cotadas em bolsa duplicaram (e nas empresas do PSI 20 mais que triplicaram!). Isto é, enquanto pagam aos seus trabalhadores dos mais baixos salários da Europa a 25 (e todos os dias reclamam, sob a batuta do governador do Banco de Portugal, por "contenção salarial" e "flexibilidade"), esses administradores duplicam, ou mais que triplicam, os próprios vencimentos, vampirizando os accionistas e metendo ao bolso qualquer coisa como 23,9% (!) dos lucros das empresas. Recorde-se que o Estado é accionista maioritário ou de referência em muitas dessas empresas, como a GALP, a EDP, a AdP, a REN ou a PT, cujas administrações albergam "boys" e "girls" vindos directamente da política partidária (cada um atribuindo-se a si mesmo, em média, 3,5 milhões de euros por ano!). Se isto não é um ultraje, talvez os governos que elegemos (e o actual é, presumivelmente, socialista) nos possam explicar o que é um ultraje. O mais certo, porém, é que se calem e continuem a pedir "sacrifícios" aos portugueses. A que portugueses?»
Luísa Bessa
"De onde vem todo este dinheiro?" é a pergunta que perpassa, de modo quase obsessivo, o filme de Nani Moretti sobre Silvio Berlusconi. A pergunta fica no ar mas, a dada altura, o dinheiro cai, literalmente, sobre a cabeça do futuro primeiro-ministro italiano.

A imagem ocorre a propósito do comendador Joe Berardo, que partilha com Berlusconi alguns atributos. Um deles é a opacidade sobre a origem da sua fortuna. O outro é a atracção pelo negócio dos media, a que Berardo também sucumbiu mas que entretanto vendeu, com as habituais mais-valias. Num ponto não coincidem: enquanto Berlusconi se virou para a política, o comendador preferiu ser "mecenas" de arte moderna.

Berardo já passou por várias fases. Já comprou empresas, que entretanto passou a gerir, e depois vendeu. Foi o que fez nos jornais, por exemplo. Mais recentemente concentrou-se nos investimentos em bolsa, em algumas das "blue chips" nacionais, onde tem aplicados mais de 600 milhões de euros. Mas não perdeu o gosto pelas incursões hostis, que ele sabe que acabarão por ser dinheiro em caixa. Que o digam João Rendeiro, que o teve como sócio nas águas Frize, ou a família Guedes, que com ele convive agora numa sociedade "holding" de controle da Sogrape.

Ganhar dinheiro não é pecado. Pecado pode ser a forma como se ganha dinheiro. Ora como Joe Berardo – o homem que se veste sempre de preto sem que se saiba porquê, como consta na sua biografia na Wikipedia – só é discreto no vestuário, o seu comportamento dá muito nas vistas e chamou as atenções do "polícia" do mercado.

Que passou a estar atento ao ciclo das suas declarações de que está numa determinada empresa para ficar, para vender a seguir na primeira oportunidade. A questão é demonstrar se as declarações de Berardo representam uma manipulação do mercado, contribuindo objectivamente para fazer subir as cotações, de que vai tirar proveito mais tarde.

É matéria de difícil ou quase impossível prova, mas lá que existe um padrão nas intevenções do comendador, lá isso existe. E quando existem demasiadas coincidências, há razões para desconfiar.

O "modus operandi" de Joe Berardo pode não ter nada de ilegítimo. Não é crime ser especulador financeiro. E se Berardo usa a comunicação social para passar a sua mensagem, a comunicação social também o usa a ele para bater a concorrência, vender jornais ou tempo de antena.

A verdade é que o sucesso do comendador suscita invejas e o seu estilo predador deixa um rasto de inimigos. Como não nasceu em berço de ouro e cultiva um estilo controverso, Berardo é um alvo fácil de maledicência.

Também discutível é o veículo que utiliza para o investimento em bolsa. Ao fazê-lo através da sua fundação, reconhecida como instituição de solidariedade social, Berardo tem direito a um conjunto de benefícios fiscais, nomeadamente à isenção de impostos sobre mais-valias, condicionada à sua aplicação na própria fundação. Mas como não há ninguém que fiscalize a forma como os dinheiros são aplicados, a situação configura uma espécie de paraíso fiscal.Que o Governo – este e todos os outros que o antecederam, pelo menos desde António Guterres – pactue com esta situação, sem clarificar o regime legal das fundações, só não é motivo de escândalo porque já nada escandaliza neste país à beira mar plantado.»

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Kant tem de ser revisitado! "Pela Santa Liberdade"!

Depois de ler mais uma desabafante 'bicada' de mestre JAM, veio-me à ideia mais uma efeméride que Pedrito, 'el niño' terrível do Jornal de Negócios, evocou com mais uma das suas tiradas de mestria crítica.
É caso para revisitarmos o conceito kantiano de liberdade! Como o Homem poderia ter à sua frente infinitas oportunidades de ... construir a sua felicidade e não atrapalhar a dos outros! Será que nos manuais escolares não deveria desenvolver-se o aprofundamento das consciências dos nossos jovens para o consumerismo? E será que isso chega? Como deverá ser esse processo avaliado? Como os testes? De que tipo? Dentro de que objectivos específicos? Ou teremos uma melhoruia do sistema de ensino apenas a olhar para a qualificação profissional? Porque é que consumerismo (ou a educação para comportamentos de consumo racional e sustentável) não faz parte do discurso do Sr. Presidente da República?
"A revolta do consumidor

Pedro S. Guerreiro
psg@mediafin.pt


É proibido fumar em locais fechados. É proibido fazer publicidade a bebidas alcoólicas. É proibido conduzir velozmente. É proibido vender hambúrgueres hipercalóricos. É proibido fazer publicidade a chocolates. É proibido comprar diamantes africanos.

Está a imaginar um mundo assim? Ele existe. E hoje é o dia em que se celebram os habitantes desse mundo. Hoje é o Dia do Consumidor.

A proibição de fumo está vulgarizada e a ComissãoEuropeia já deu aval à prática de excluir fumadores nos recrutamentos em empresas. Em Espanha, uma ministra fundamentalista quer proibir a publicidade de bebidas alcoólicas em folhetos de supermercado, onde as garrafas devem passar a ficar trancadas à chave atrás de vitrinas.

A mesma ministra abriu guerra à Burger King e quer proibir a cadeia de vender o seu novo hambúrguer de 800 calorias. As velocidades máximas autorizadas nas cidades europeias têm vindo sucessivamente a baixar: 60 kms, 55 kms, 50 kms... O presidente da Masterfoods anunciou a retirada da publicidade dos chocolates Mars de todos os meios que tenham audiência junto de menores de 12 anos.

O filme "Blood Diamonds" gerou uma chuva de protestos da indústria diamantífera por mostrar diamantes com sangue de gente explorada por mercenários.

Todos estes exemplos foram dados há uma semana por José Luis Nueño, no Fórum anual da APED, no Estoril. Nueño, um académico-jurista-consultor espanhol, diz que esta paranóia proibicionista viola as liberdades civis mas instalou-se na Europa do cinismo e da impotência dos políticos. O resultado, diz, será a revolta dos consumidores, que têm o direito de comer comida que lhes faz mal desde que estejam informados disso. Mesmo que a maioria dos europeus se acomode, balindo como carneiros num rebanho. O resultado, prossegue, é uma legião de europeus contidos, infelizes na sua opção (?) de viver em lares monofamiliares e sem crianças. O europeu é um consumidor infeliz que busca experiências de pico, transgressões sociais de velocidade, desportos radicais e violências que por um fim-de-semana distraiam as frustrações individuais.

Esta é uma visão apocalíptica da nossa sociedade, que defende ao limite a liberdade individual. Do outro lado estão os que supõem que o indivíduo precisa de protecção das mensagens de marketing massivo e enganador das marcas de comida-lixo, das tabaqueiras, das destilarias.

O Dia do Consumidor é como quase todos os outros dias de qualquer coisa: serve para fingirmos que nos preocupamos. Hoje é um desses dias: para políticos, patrões, trabalhadores e desempregados fingirem que se preocupam com os consumidores. Mas, além de declarações de circunstância, é importante perceber que o consumidor está entalado entre uma indústria de produtores e distribuidores que quer vender abundâncias e uma indústria do politicamente correcto e socialmente puritana que exige proibições. E há negócio em ambas as indústrias.

O consumidor é hoje dissecado por hordas de cientistas que analisam tendências, padrões, fragilidades, moralismos.

As crianças mandam nos pais, as mulheres têm um poder crescente, os produtos orgânicos estão na moda, os veículos poluentes não, há um contra-movimento emergente, o anti-consumismo, e a Internet é um meio de extraordinária difusão.

Não é como "Fahrenheit 451", de Truffaut, o filme onde os livros eram proibidos. Mas estamos de facto entre liberdades infinitas e proibições sucessivas. E, claro, a hipoteca da casa."
(O destacado a vermelho é da autoria do Publicista).

domingo, 6 de maio de 2007

Mais uma do 'Pedrito' de ... Jornal de Negócios

Vejo-me novamente face a mais uma tirada que poderia muito bem constituir uma aula de comunicacionalogia (ou, mais axiologicamente, de deontologia comunicacional institucionalizada). Daquele Pedrito que já nos habituou ao seu "mau génio" ... aquilo deve ser de família, que ele parece mais um dos que, como eu, estão rotulados de inconveniente ...!
Ora vejam lá se entendem porque é que eu gosto de relançar aqui estas do tal "menino maravilha" (é-o para mim) do J Negócos:
«A ceia do Cardeal
Justificação oficial: foram "os contactos na alta finança e alta política" que levaram à nomeação de Pina Moura pela Prisa em Portugal. É preciso dizer mais?
É preciso dizer mais do que disse ontem o patrão de Pina Moura? Manuel Polanco foi cristalino: que não, que não é por ser do PS (nem pelos méritos enquanto gestor de "media" – ao menos pouparam-nos a essa hipocrisia) que Pina Moura vai ser presidente da Media Capital e da TVI. É pelo seu poder de lóbi.

Que "contactos na alta política" tem Joaquim Pina Moura que possam aprouver à Prisa? Basta olhar para o seu "curriculum vitae" e concluir o silogismo: no PS. Que por acaso é o partido que está no Governo, com uma maioria absoluta na Assembleia da República. Que por acaso é tão socialista como o partido espanhol com que a Prisa está alinhada. Que por acaso vai decidir o futuro dos "media" em Portugal, em aspectos fulcrais como o concurso da Televisão Digital Terrestre (TDT), que assenta como uma luva na necessidade da Media Capital viabilizar um elefante chamado RETI.

A reacção de repúdio peninsular pela contratação de Pina Moura (que só José Sócrates acha normal) não tem nada a ver com o rótulo de "pesetero" que se quis colar na farpela do ex-ministro da Economia quando aceitou ser presidente da Iberdrola, a quem tinha viabilizado parcerias em Portugal enquanto governante. E invocar a condição de "amigo dos espanhóis" é não só preconceituoso como menoriza a questão em causa: a Prisa olha para o seu Cardeal como Maquiavel olhava para o seu Príncipe – os fins justificam os meios. Pina Moura é o meio entre as ambições e o seu sucesso.

Os "media" não estão num sector qualquer. São jornalismo, são negócio e são poder. Em Portugal, há uma mudança empresarial acelerada em todos os grupos, que dentro de poucos anos estarão irreconhecíveis. Por causa da Televisão Digital Terrestre, por causa da guerra pelo controlo da PT Multimedia, por causa da própria OPA da Prisa sobre a Media Capital, por causa dos novos canais cabo, por causa das plataformas digitais...

É verdade, ademais, que em Espanha o sector dos "media" é muito diferente do de Portugal. Porque é muito melhor gerido. Mas também porque a independência editorial é um conceito muito mais relativo. Os jornais portugueses são meninos de coro ao pé dos seus congéneres espanhóis. Lá, como enaltece Pina Moura, há um alinhamento ideológico explícito. Basta ver, por exemplo, a recente guerra quase diária sobre as verdadeiras razões para o envolvimento espanhol na invasão do Iraque.

Essa guerra não é só entre o PP e o PSOE; é entre o "El Mundo" e o "El País". Mesmo na imprensa económica espanhola se reconhecem alinhamentos, sobretudo empresariais.

Pina Moura diz que todos os jornais são alinhados, só que os espanhóis são mais transparentes e os portugueses sonsos. Este é um bom sinal sobre como actuará este gestor de "media". Mas Pina Moura está enganado. O Jornal de Negócios, por exemplo, tem um alinhamento claro, disponível no seu "site". Chama-se Estatuto Editorial. E por mais que custe perceber a quem vem da política, esse alinhamento não é partidário. É pela liberdade dos mercados sobre os interesses de grupos organizados, o comércio sobre qualquer proteccionismo. E pela igualdade nas condições de acesso a mercados e a negócios, acima portanto da "alta política". Ou da baixa...

Em breve saberemos se estes alertas são teorias de conspiração ou complexos de perseguição. Veremos quem ganhará o concurso para a TDT. Ou como termina a redistribuição de poderes com a PT Multimedia e os novos canais cabo. Saberemos então perfeitamente para que quer Manuel Polanco os "contactos na alta política" de Pina Moura: para ganhar.»

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Este não é o "bailinho da Madeira"

Ainda a confirmar que as afirmações insinuosas, ofensivas e atentadoras à integridade do Estado (a gravidade está na origem de onde vêm), merecem toda a atenção mediática (fora do âmbito eleitoral, claro está), vem mais esta de um dos meus 'publicistas' preferidos de hoje, mesmo que nem sempre esteja do lado das suas opiniões. Mas isso é ... secundário! Ou, se preferirmos, democraticamente primário!

"Lavar as mãos

Quando anunciou as eleições na Madeira, o presidente da República alertou Jardim que o Governo Regional ficava "limitado à prática de actos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos da região", apelando (porque já sabia o que a casa gasta) a que a campanha decorresse com "serenidade e elevação". Jardim, como seria de esperar, ignorou tudo isso. "Actos estritamente necessários"? Está bem abelha Jardim faz inaugurações e re-inaugurações à média de duas por dia, usa sem pejo meios do Governo na campanha, fala (na verdade grita) nos comícios como governante e no governo como candidato, e tudo o mais de que os jornais têm dado amplamente conta. "Serenidade e elevação"? Jardim responde com a "elevação" habitual: agressões, ameaças, arruaças e insultos a tudo e todos (o mínimo que os adversários são é "traidores", "fascistas", "pides", "Hitler", "bandalhos", "bandidos"). A situação chegou a tal ponto que a Oposição pediu a intervenção do presidente. E o que fez Cavaco? Lavou as mãos. A Democracia (pois é a Democracia que está em causa na Madeira) que se amanhe e vá ter com os "órgãos competentes". Cavaco devia saber, da memória que ficou de um certo governador da Judeia, que não basta lavar as mãos para as ter limpas."

Retirado da "Última" do JN de Hoje

terça-feira, 1 de maio de 2007

The Windows of the World

Se na presente conjuntura (nacional e internacional) há um dia que deve ser lembrado em colectiva manifestação contestatária é este, dia 1º de Maio, dito há já 120 anos em todo o Mundo, do trabalhador, tal é o estado a que esta fundamental condição social nos tem conduzido!
E, porque hoje está chovendo ... talvez seja Deus, poeticamente, a querer rimar lágrimas de chuva com tristeza, quando deveria haver sol e alegria! O que não me permite evitar, com qualquer das volitivas células da minha consciência, a pública recomendação ao Governo que nos desgoverna, deste lindíssimo trecho dos anos 60, composto por Burt Bacharach e Hal David, supremamente interpretado por Isaac Hayes numa gravação ao vivo no lago Tahoe, no Nevada (álbum editado em 1973), aqui interpretado por Dionne Warwick - The Windows of the World.
Mais uma vez aconselho a traduzir a letra numa versão que não seja 'em calão', sob pena de alguns politicómanos saloizarentos pensarem que se trata de algum ritual da chuva. Nese sentido, convém atender à conjuntura internacional da época. (Para os mais interessados sugere-se uma pesquisa que se consubstancie em algo um pouco mais profundo que 'uma página A4').




DIONNE WARWICK lyrics