Ciência, Religião, Política, Moral e ... Liberdade!
Entre purgas, com remissão ou não para o purgatório, e o charme intelectual dos pretensos neo-inquisidores dos brandos costumes lusitanos, já com assento parlamentar promissor de umas quantas tristezas mais ou menos institucionalizadas pela dita, vejo-me e revejo-me mesmo nas travessuras de alguns mentores meus que, perante os actuais cenários sócio-activadores das vontades cidadãs (que o mesmo é dizer os pregadores que movimentam os espíritos), se estatelam em conclusões que me fazem lembrar o dilema weberiano do "político e o cientista".
Mesmo para alguns doutos pensamentos, para quem, frequentemente, a razão maior não tem que se submeter à maioria das razões, vejo alguma emoção no toque que emprestam à razão que quer dominar, com coincidência ou não, os interessados na razão das coisas! Quer dizer, no meio das razões interessantes que a cada um pode assistir, não nos deixemos levar pelos "mecanismos de formação da opinião pública", quando questões fundamentais para a vida em sociedade como é a da IVG estão na 'mesa de discussão' pública. Em última instância, não nos deixemos 'amarrar' pelos dogmas de alguns pretensos anti-dogmáticos da democracia 'totalizante' (daquele modelo que diz que 'quem não pensa como nós não é democrático'), que ao esconder a cobardia com que enfrentam os opositores nas pontas ideológicas dos partidos que os pariram apenas prestam um mau serviço à liberdade!E não me digam que têm consciência, pois dessa estão muitas asneiras a impregnar o Mundo!
Por estas e por outras, aceito aqui, no Refúgio, mais uma deste "profeta":
"A preto e branco
Rui Rio terá muitos defeitos, mas não o da incoerência, e admiro-o por isso. Excepto quando a coerência se confunde com obstinação cega e dificuldade em ver as razões (também) dos outros. Rui Rio votou em 1998 a lei de despenalização do aborto e defendeu-a publicamente. A crédito da coerência, parecerá, pois, normal que vote agora de novo "sim". Também eu, que não defendo o aborto (e quem o defende, a não ser as patéticas militantes do "na minha barriga mando eu", "slogan" que um filósofo da ética como Peter Singer classifica de "lógica do negreiro"?), votarei "sim", pois o que está em causa é continuar ou não, em certas condições, a meter na cadeia as mulheres que interrompem a gravidez. Esta é uma questão de ética da responsabilidade e não uma questão metafísica ou religiosa, ou sequer científica, e a pior resposta que pode ter é a jurídico-penal. O deputado do BE Teixeira Lopes vê, porém, o mundo a preto e branco. Para Teixeira Lopes, o mundo divide-se em "bons" e "maus", e a participação de Rui Rio numa sessão do "sim" servir-lhe-ia para "recuperar a imagem junto de um certo eleitorado". Ora, se o "sim" pertence ao BE, eu passo, pois a última coisa que quero é que o meu voto no referendo (e "no meu voto mando eu") vá parar a um partido."
Rui Rio terá muitos defeitos, mas não o da incoerência, e admiro-o por isso. Excepto quando a coerência se confunde com obstinação cega e dificuldade em ver as razões (também) dos outros. Rui Rio votou em 1998 a lei de despenalização do aborto e defendeu-a publicamente. A crédito da coerência, parecerá, pois, normal que vote agora de novo "sim". Também eu, que não defendo o aborto (e quem o defende, a não ser as patéticas militantes do "na minha barriga mando eu", "slogan" que um filósofo da ética como Peter Singer classifica de "lógica do negreiro"?), votarei "sim", pois o que está em causa é continuar ou não, em certas condições, a meter na cadeia as mulheres que interrompem a gravidez. Esta é uma questão de ética da responsabilidade e não uma questão metafísica ou religiosa, ou sequer científica, e a pior resposta que pode ter é a jurídico-penal. O deputado do BE Teixeira Lopes vê, porém, o mundo a preto e branco. Para Teixeira Lopes, o mundo divide-se em "bons" e "maus", e a participação de Rui Rio numa sessão do "sim" servir-lhe-ia para "recuperar a imagem junto de um certo eleitorado". Ora, se o "sim" pertence ao BE, eu passo, pois a última coisa que quero é que o meu voto no referendo (e "no meu voto mando eu") vá parar a um partido."
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