domingo, 24 de dezembro de 2006

Hino à Galáxia Lusa

Revejo-me a contemplar a velocidade do TGV a 'correr' atrás do Hino à 7ª Galáxia, do Chick Corea e os Return to Forever, mas o que aqui reproduzo é o meu deslumbramento pela capacidade do nosso "Zezito" (designativo bastante afectuoso que alguém, escrevendo-o numa revista portuguesa semanal, se lembrou de rebuscar nas suas origens societais), ou melhor do nosso PM , correr à frente da vaga neo-lib, com todas as seduções, repulsas e contradições que têm norteado a semi-consciente "política de cose-casacas" para a pobretança.
Por isso, lembrei-me de um excelente senhor compositor neo-melancólico, com uma riqueza de sonoridades instrumentais que, tenho a certeza, se o nosso Zez... PM a ouvir, ficará mais descansado quanto à sacralidade da sua moral, que é como quem diz, em paz consigo mesmo, já que a tarefa é árdua ... lá isso é! E, de um modo geral, tenho de lhe 'tirar o chapéu', já que tem tido coragens que merecem alguma admiração. Mas ... aqui fica este trecho "Inocente", para apaziguamento das almas ... . Neste época natalícia, sobretudo, não fica mal a ninguém!!!
Keith Jarrett with Jan Garbarek (Innocence - Personal Mountains)

"Epitaph" ao jeito de uma profecia dos Crimsom

Como prenda de Natal, para alguns intelectualóides ...
Já que a História nunca acaba, mas sempre se repete ... o que há mais de trinta anos foi cantado, numa época bem libertacionária, ainda hoje (ou, talvez, hoje mais que nunca) serve para traduzir, não obrigatoriamente em calão, os sentimentos e a revolta que brotam de uma consternação e crítica inconformista, apontadores proféticos de modelos societais que, muito certamente, estão ou estarão para ruir ... todos expressos, em síntese poética, na letra de uma composição da banda que já considerei, musicalmente, o melhor grupo de rock de todos os tempos - os King Crimson.






KING CRIMSON lyrics

sábado, 23 de dezembro de 2006

Pela Amizade, pelo Natal, pelos amigos da Natividade

Há já muitos anos que não ouvia este meu CD do Buster Williams Trio, que me merece uma estima muito especial, não só pelo estilo como pelas sonoridades "conservadoras-progressistas" dos trechos que aqui apresenta.

Também no Jazz se encontra muito para uma "musicologia da libertação". A única grande exigência que tem este tipo de música é, como na clássica, a de uma apurada sensibilidade musical e, acima de tudo, um total alheamento de preconceitos xenófobos (ou, se preferirmos ainda, uma abstracção total em relação a estereótipos musicais).

Nesta quadra, em que se anunciam novas ou reforçadas amizades, partilho este

A Beautiful Friendship (Buster Williams - Tokudo)


E, porque depois de amanhã continuará este nevoeiro sebastiânico, recomendo este rol de sensações do mesmo álbum, que é
Someday My Prince Will Come

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Primus Inter Pares

Reconheço-me em quase tudo quanto o meu mui citado Mestre JAM refere neste seu postal, numa alusão a estes "horizontes quase perdidos" do futuro do nosso sistema educativo. Claro que, ao nível da docência no superior, o mal entrópico 'apita' mais, tem outros canais de manifestação de algumas retroacções que o 'submundo' ou o nível inferior que é o Ensino Secundário não tem. Nem se vislumbram forças capazes de perfurar tão enraízadas "muralhas de aço" que amordaçam o Poder, mesmo que de um poder efectivamente reformador se trate!

Lembro-me de há umas semanas atrás, por exemplo, alguns se terem queixado ao nosso PR de uma como que vaga de 'assalto' de ultra-direitas à juventude escolar portuguesa! Pois eu, que neste nível de "submundo" ando há duas décadas, tenho visto por todo o lado o radicalismo, xenofobismo antrop-politológico, o numenclaturismo próprio dos totalitarismos neo-jacobinistas, com processos de linchamento das vozes de alguma crítica construtiva, apenas destrutiva do que está mal para todos, não apenas para alguns!

O que Mestre JAM está lamentando tem raízes muito mais profundas que apenas os claustros universitários, com promiscuidades cúmplices da verborreia situacionistaa, que veste de cravos vermelhos todos os 25 de Abril, para no dia seguinte negociar mais uma percentagem de um qualquer "assunto de interesse para a colectividade" (?) ...!

Mas vem isto a propósito desta rúbrica que ora começa e, creio, não poderia ter melhor começo do que incluir aqui, no nosso "Refúgio dos Profetas", esta "bicada" de Mestre JAM:

"Primeiro, a aula. Só depois, o capítulo...

Li as referências noticiosas sobre discurso de boas intenções do Senhor Primeiro Ministro quanto ao ensino superior. Acredito na determinação governamental quanto à anunciada terapia de choque. Nunca acreditei no modelo, até agora dominante, dos que querem conservar o que está, até porque nunca demonstraram querer conservar o que deve ser. Assistirei, com todo o zelo de homem livre, ao desenrolar de um processo onde a minha cidadania académica não foi, nem será, chamada a participar, mas a que responderei com lealdade aos valores e nas funções de professor catedrático e senador da minha universidade.

Sugiro apenas que não queiram descobrir o que já está descoberto nem inventar o que já está inventado: a ideia de universidade e os modelos de sucesso. Já agora acrescentem-lhe a experimentação de séculos de serviço público em Portugal, nacionalizando as excelentes ideias importadas pelos relatórios da OCDE e de outras agências globalizadoras, sem as traduzirem em calão. Os oligarcas da universidade a que chegámos preferiram a ditadura do "statu quo", outros começam a pensar no leilão e, enquanto o pau vai e vem, haverá sempre alguns primitivos actuais que aproveitarão para rapar os últimos restos do tacho, pintando-se de falsos dom-sebastiões, quando não passam de tigres de papel, repetindo o herético "dominus vobisque" de outras eras.

A história há-de registar em notas-pé-de-página este livro de estilo charlatão, onde todos vão ralhar porque falta o pão orçamental, o posto de vencimento e o diabo a quatro. Alguns até serão ousados e tentarão transformar as respectivas instituições em subdelegações das delegações asiáticas de certas potências universitárias do primeiro mundo, à espera dos futuros despedimentos da deslocalização globalizadora. Outros, percebendo que são fortes grupos de pressão corporativos, continuarão a assobiar para o lado, porque se consideram, e são, "praeter decretum", dos decretinos ocupantes do aparelho de Estado. Os restantes, perante tanta geometria variável, correrão para o acaso da encomendação feudal.

Por mim, sorrio, embora saiba que sofrerei no lombo a chicotada que deveria caber aos pecadores. Mas continuarei seguindo o lema de Hernâni Cidade: "primeiro, a aula, só depois o capítulo". O ensino superior continua à procura do bom senso, mesmo que ele seja Gago, mas não Coutinho. Falta-lhe um corrector de rumos colectivo a que na navegação se chamou sextante."

posted by JAM

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Reminiscências Mediterrânicas

Quanto a Cat Stevens, ainda se há-de falar ...
Mais tarde, quando as ocupações docentes não nos ocuparem tanto deste precioso tempo que é devido aos alunos (que são o principal objecto de trabalho para um professor mais preocupado com os fins do que com os meios, sem que quaisquer fins justifiquem quaisquer meios), tentaremos aqui fazer a apologia deste convertido ao islamismo, de que agora pouco se fala, esperando que este "apagão" não se deva ao receio de ser mais um dos alinhados no "eixo do mal"!
Aliás, muitas das mensagens que compôs nas letras das suas canções são de um interesse sócio-antropológico pertinente, tanto na altura em que foram criadas como, mesmo, para os nossos dias!
Por agora deixo, apenas, esta belíssima recordação musical, que em tantas susceptibilidades, certamente, tocará o que, muito subjectivamente, já não conseguimos recordar! Sobretudo esta mélange de melodias euro-mediterrânicas, que no coração do Mundo ecoa o quanto devemos, como nós portugueses, ao que evocam estes acordes de bazuki!

Cat Stevens (Rubylove - Teaser and the Firecat)