sábado, 28 de abril de 2007

Como um extenso hino de queixas

Ainda em rescaldo deste 33º aniversário do 25 de Abril
Mesmo com direito a transmissão a espectáculo TV q.b., vem o nosso PM berrar em defesa da saúde da 'nossa' (?) democracia, bem "oxigenada", ao contrário da "falta de ar" da oposição, mancha luso-partidária de largo espectro no republicano centrão parlamentar, de cujo actual líder viriam, replicadamente, as teatrais exibições de uma "coragem" que não admitia lições de "Sua Exª o Sr. PM".
Entretanto, levanta-se PP, como uma voz midiocraticamente conhecida pelo agendamento da propaganda, mas já inaudita da parte dextra do hemiciclo, em tons de estética e indumentária novecentista com tiques de fidalguia, a prometer a 'vigilância' que as alegadas ministeriais proposituras mereceriam por parte de tão casta bancada.
Da esquerda, nada de novo. Certamente muitos ainda esperam por aquilo que não gostam de ver atribuidos, apenas, à "família" da direita.
E as nomeações continuam. E o controle aumenta. A opressão também. E a degradação do nível de vida exponencialmente também. Sem qualidade nem dó. Em total impunidade. A paranóia colectiva é o diagnóstico que se segue. Sem apelo nem agravo. Até quando
E, lá fora, nas ruas deste país de bananas importadas, com selo de garantia CE, ainda crescem as ameaças contínuas à base social (as famílias), e por isso há décadas que se ouvem os gritos deste fenómeno pandémico:





KING CRIMSON lyrics

quarta-feira, 25 de abril de 2007

"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!"

Sem fetichismos! Nem ironia, hipócrita ou não! Apenas um acumular de reminiscências que a comemoração desta data me traz, numa altura em que se viviam vidas com as emoções em perfeita comunhão com a inteligibilidade das sensações. Ou seja, desejava-se viver segundo aquilo em que se acreditava, como eu sou daqueles que ainda acredita, que o amor é o domínio da perfeita harmonia da razão com o coração!
Sem rancores pelo reiterado gande desgosto que a evolução sem visíveis progressos sociais tem causado a muitos dos jovens de então que, como eu, também sofreram na vida com o combate que travaram por uma sociedade mais justa e fraterna, este ano não escolho trecho do José Afonso (de quem viriam certamente uns quantos muito bons) ou de outro Zeca de qualquer esquerditice ciumeira (pois há-os muitos por aí para quem José Afonso é o ícone dos pobres e injustiçados, e de mais ninguém, em regime de propriedade privada da esquerda e não como expoente da cultura popular portuguesa do século XX).
Não. Há muito que não vou por aí, apesar de compreender que, cada vez mais, as razões de muitos os leve a permanecer em tão nebulosa pasmaceira melancólico-cerebral, com as ideias em aparente estado de catatonia. Prefiro a manifestação artística da música que me evoque a natural paixão e o desejo de me entregar a algo intemporal, existencialmente conducente à contemplação do que a razão humana tem assimilado como o mais sublime da Criação: o ser humano!
Esperando que este 33º aniversário não signifique, portanto, a idade em que, de vez, se liquidem as aspirações ao verdadeiro progresso sócio-humano do povo português (que Cristo não sirva para esse fetichismo), deixo no ar o estímulo que, em muitos da minha geração, este trecho musical constituiu na busca da felicidade:




SLEDGE PERCY lyrics

terça-feira, 24 de abril de 2007

A Deus o que é de Deus, ao povo o que é do Estado!

Por que será que esta notícia me preocupa? Pela fuga dos médicos que procuram melhores sistemas de valorização dos serviços que prestam? No actual mercado de factores, ninguém poderá duvidar ou, sequer, tecer qualquer juízo de valor que confronte tais atitudes com as respectivas consciências morais.
O que socialmente está aqui em causa não são, sequer, as matrizes deontológicas (será necessário evocar o juramento de Hipócrates) que regem as disciplinas dos profissionais de qualquer serviço nacional. O indecente da questão é a fuga ao dever de retribuição dos que, durante anos, tiveram como fundo financiador da sua formação académico-profissional as contribuições fiscais daqueles a quem agora só querem atender em privado, podendo suportar, suplementarmente, os custos dessas deslocações.
Este pode ser, finalmente, o quadro probatório das intenções sociais da governação vigente: se realmente se mantiver esta tendência ou, mesmo, nada se fizer para a reverter, então podemos dizer adeus ao Estado Social de Direito. Ou, até, adeus Portugal.

"Centenas de médicos pedem licenças sem vencimento
24.04.2007 - 08h14 Catarina Gomes

Isabel Neto, médica que foi durante anos a mais fervorosa defensora dos cuidados paliativos, diz que deixar para trás a unidade da especialidade do Centro de Saúde de Odivelas (Loures) "foi uma decisão difícil e ponderada". A propósito da sua saída do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, José Roquette, eminente cirurgião cardiotorácico, responde que "as pessoas são livres de fazer as suas opções".

Os dois deixaram o sistema público de saúde inaugurando na semana passada novas tarefas no Hospital da Luz (privado), em Lisboa. Fazem parte de um grupo de centenas de médicos que fizeram a sua carreira no Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas agora optaram pelo sector privado.
Segundo números do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) de 2006 e 2007, foram entre 300 e 500 os médicos que pediram licença sem vencimento de longa duração (pode ir até dez anos) ou exoneração da função pública, um número que era residual em anos anteriores.
Muitos foram trabalhar para o sector privado em exclusivo, algo que quase não acontecia, explica o dirigente do SIM, Carlos Arroz. Houve também 400 médicos que se reformaram no ano passado, um número dentro do normal, desconhecendo-se quantos terão ido para o sector privado, nota o sindicalista.
O modelo da saúde privada está a mudar. Durante anos funcionou com as sobras dos horários dos médicos do público, que trabalhavam de manhã no hospital e à tarde em clínicas. A tendência é hoje para a criação de quadros próprios de médicos e enfermeiros, comenta Téofilo Leite, presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada. Roquette, director clínico do Hospital da Luz, diz que dos cerca de 200 médicos que trabalham na unidade, 120 estão em exclusivo. A maior parte tem mais de 55 anos e pediu licença sem vencimento, estava à beira da reforma ou já estava reformada, explica.
Os recrutados em exclusividade não são novatos. Pelo contrário, "vamos buscar cabeças de cartaz", pelo seu "know-how, prestígio", explica Jorge Mineiro, director clínico do Hospital CUF Descobertas (Grupo Mello Saúde), ortopedista que deixou o Hospital de Santa Maria este ano. Mais de metade dos clínicos da unidade estão em exclusivo (são cerca de 60 em 120).
"Pesca à linha" preocupa
Até ao Verão nasce outro gigante da saúde em Lisboa: o Hospital dos Lusíadas, do grupo Hospitais Privados de Portugal. A fase de recrutamento está a decorrer e precisam de cerca de 200 médicos, alguns em exclusividade, revela o presidente do grupo, Luís Vasconcelos. O responsável adianta que escolhem ter quadros próprios em áreas estratégicas ou em equipas que exigem continuidade de assistência, como é o caso dos cuidados intensivos. Vão buscá-los ao sistema público. Mas Luís Vasconcelos afirma que não são os ordenados que atraem médicos com carreira firmada. É a falta de capacidade de atracção do sistema público. A média de idades dos clínicos anda nos 45 a 50 anos e "têm poucas perspectivas de progressão na carreira no [sector] público. Sentem-se pouco motivados a continuar".
É essa também a opinião do bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes: "É inexorável o abandono dos médicos. É o resultado da falta de investimento". Quem pensa que estas unidades "roubam médicos à função pública" está a ver o quadro ao contrário, "são as más condições da função pública que fazem as pessoas abandonar o SNS", comenta.
Com a abertura de dois grandes hospitais privados em tão pouco tempo, alguns hospitais ressentiram-se, mas não se está a falar de debandada geral. Existem 24 mil médicos no SNS e o SIM fala de até 500 médicos com licenças sem vencimento e pedidos de exoneração.
José Miguel Boquinhas, presidente do conselho de administração Centro hospitalar de Lisboa Ocidental (que junta o Egas Moniz, o Santa Cruz e o São Francisco Xavier) fala de "saídas pontuais": oito médicos pediram recentemente licença sem vencimento para ir para o privado, em 800.
O presidente do Hospital Geral de Santo António (Porto), Sollari Allegro, diz que nos últimos dois anos saíram 12 oftalmologistas para o privado (um terço do serviço). Não se trata tanto da "quantidade", mas da "qualidade". "A pesca à linha dos melhores médicos e enfermeiros pode provocar alguma pressão sobre os serviços públicos", nota Manuel Delgado, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares. "Não é fácil substituir profissionais de elevada craveira". Mas a separação entre médicos do privado e do público é um bom sinal, defende. "O facto de as pessoas trabalharem ao mesmo tempo nos dois sistemas não é bom para a eficiência [do SNS]"."

segunda-feira, 23 de abril de 2007

"Pare, escute e olhe! Um combóio pode esconder outro!"

Tenho bem presente na memória o que muitos de nós certamente, também lembram, ao atravessar passagens de combóios com cancelas (ou outros pontos de passagens de linhas ferroviárias) - aí se liam: "Pare, escute e olhe! Um combóio pode esconder outro".
E de que me lembra esta passagem, agora que assistimos e lemos largamente sobre mais este episódio mediocratizado das directas do que já não é o CDS, nem tão pouco (parece) o PP do Partido Popular. Mais parece PP de Paulo Portas (em regime de exclusividade ou totemismo personalizado).
Será que o carisma pode justificar tudo isto? Temos que olhar com a adequada atenção que a evolução deste caso socialmente nos merece, sob pena de um combóio estar a passar, embora em sentido contrário, logo por detrás do outro. Que não nos traga surpresas desagradáveis. Chega!
Como se torna pertinente e catalizador este olhar anacrónico e apartidário para as insistências com que a elite pseudo-dominante tenta perfurar o círculo interior das bondades cidadãs, isto é, a esfera de tolerâncias marginalizadas pela manipulação das ignorâncias que se pretendem perpetuadas no trogloditismo dos beatíficos political showmen.
Parafraseando o blogue que me baptizou nestas andanças maldemocráticas, ainda prefiro ouvir as acutilantes deixas da Joni Mitchell (muito provavelmente há já muito alinhada no "eixo do mal"), esperando que, algum dia, toda esta guerra de surdos venha a parar! Como? Ora ouçam:





MITCHELL JONI lyrics

sábado, 14 de abril de 2007

Entre tempestades e alguma bonança

Eu sou. Tu também? ...Todos quantos somos?
Vejo que meu mui citado mestre JAM anda a fazer ver, com bastante razão para isso, que a essência dos problemas de que hoje o país padece não é nova nem tão pouco estranha à nossa tal desdita, qual sina que muitos fados têm na pena do seu canto. Fê-lo, ultimamente, quando citou Ramalho Ortigão (sobre os moços bacharéis), quando evocou "A Queda de um Anjo", em que Camilo satiriza a classe política de há cento e vinte e um anos, ou quando relacionou os factos do poder vigente, já excessivamente media-televisionados, com as sócio-políticas equivalências do que no nosso século XIX ficou historiado. Como ele muito bem é capaz de fazer!
Mas eu não vou recuar tanto no tempo, ao fazer outras tantas referências do que, bibliograficamente, pode servir de leitura aos que pretendem traduzir, não 'em calão', a imagem real do príncipe. Apenas digo que, ao jeito do que já muitos filósofos o fizeram, estes epifenómenos do Poder não têm, na sua essência, nada de novo: são roupagens novas de soluções, muitas, já muito antigas, para problemas quase eternos!
Assim, lembro-me do trabalho publicado pelo meu conterrâneo e companheiro de mestrado em Ciência Política no ISCSP, Artur da Rocha Machado, Poder - Da Estrutura Individual à Construção Mediática (da Autonomia 27): " Tem-se vindo a defender a tese de que o Poder é, por um lado, um produto do próprio homem e que, por outro lado está nele incorporado, correspondendo a um dos seus desejos mais fortes. Se, de facto, a manifestação individual e objectiva dessa característica difere de homem para homem, nem por isso deixa de representar uma mesma intencionalidade. É certo que o amor ao poder pode apresentar diferentes graus de intensidade, o que indica nuns uma propensão para a liderança e noutros, a tendência para a submissão. O primeiro caso caracterizará os indivíduos dotados de autoconfiança, firmeza, convicção e ambição; no segundo caso, tal comportamento indicará uma estratégia adoptada por aqueles que, reconhecendo a sua incapacidade de afirmação, projectam nos outros a quem se submetem a sua própria incapacidade, na suposição que beneficiarão de protecção, de apoio e de que partilharão do poder que for por eles alcançado" (1). E sobre o que este trecho traduz, deixo à leitura e interpretação de cada um!
Lembro-me ainda, numa das pequenas grandes obras que li enquanto estudante de mestrado (2), do texto de Paul Veyne O Indivíduo Atingido No Coração Pelo Poder Público, e que muito traduz da tal imagem que o cidadão tem do Poder, ou do príncipe, de quem o governa, do tal outro que lá está como se fosse o que eu gostaria de ser se lá estivesse, ...! "(...) O que gostaríamos de tentar dizer aqui é que a importância do mecanismo da subjectividade não é menor no domínio político propriamente dito. Vejamos um exemplo da história romana, neste caso Nero. Trata-se de saber porque é que os romanos, ou certos círculos de Roma, derrubaram Nero quando a sua vida privada, que era a principal razão de queixa que contra ele existia, não afectava fosse de que maneira fosse a marcha dos negócios, os interesses económicos, sociais ou internacionais, que permaneciam como sempre ou até evoluíam melhor do que noutras épocas.
Ou, usando outras palavras, esta exposição surgiu de uma perplexidade, a de ouvir alguém dizer-me: «Voto em de Gaulle por causa da dignidade da sua vida privada». constatamos que a imagem de si dos sujeitos do soberano é provavelmente a chave daquilo que se designa por imagem de marca do próprio soberano, carisma, política-espectáculo, imagem do pai, ideologia ou legitimação. Na minha aldeia, que foi sensibilizada no princípio deste século pela luta contra o que se sentia como a autoridade clerical, os votos socialistas devem-se menos ao conteúdo da política socialista do que a uma hostilidade contra o estilo de autoridade gaulista."
Enfim, neste contexto, espero que entretenham com mais esta evocação dos anos 1970, com os Crosby, Stills and Nash.

(1) Ob. cit., pág. 37.
(2) P. Veyne, VVAA, Indivíduo e Poder, edições 70, 1988, pp.10-11.

domingo, 8 de abril de 2007

Nostalgia total

Relembrar, renascer, de novo esperar, ... e continuar a viver!

Nesta semana de arranque após mais um equinócio, de preparação e celebrações pascais, traz-me o Tejo, como quase sempre, ares de memórias de tempos ainda não esquecidos, a configurar o realismo salazareiro com que a sondageocracia quer traduzir a impertinência desta pseudo-democratura dos hipócritas ...! Nesta que já não é a Lisboa de outros tempos, neste país que já não é de tempo algum, em concreta via de extinção! Alguém nos rogou tamanha praga, ou será mesmo aquela tal desdita (sina)?




Entre as alegrias dos reencontros, em imagens, sentimentos e outras fontes de estímulos rejuvenescentes, também se continuam a viver sentimentos de pesar por mais alguém que se vai juntar ao Grande Espírito (para usar uma linguagem que traduza este meu lado mais índio que indígena), como é o caso do sócio de outrora da S. F. R. d'Apolo e ex-trabalhador do antigo Diário Popular Luis Girão - descanse na paz eterna, pois a sua memória será, certamente ainda por muito tempo, relembrada por mais algumas gerações de associados desta resistente colectividade de cultura e recreio.


Também relembro muitos dos momentos que fui passando ao longo dos anos aqui vividos, neste maravilhoso espaço que é o da Costa da Caparica, hoje muito falada por razões tristemente sérias, como aquelas veiculadas pela mediocracia do costume ...! 37 Km de praia, com zonas florestal e RAN, espaços protegidos, privilegiados, como não há a esta distância em nenhuma outra capital do mundo! E por que razões não tem o tratamento territorial ordenador que outras localidades, eventualmente menos valiosas, evidenciam através de obra feita? Será por a respectiva edilidade camarária ser liderada por comunistas?...!

Que este restinho de praia seja, ainda, suficiente para a possibilidade de se fazer algo, neste tempo em que, recordando e renascendo, ouvi na RR este trecho de Billy Joel, tantas vezes ouvido naquelas tardes de Verão aqui passadas, com as costas a gerirem o calor e o sal que este espaço combina particularmente, numa obrigatória comunhão do ser humano com o ser cidadão que então

era possível alcançar!

Agora digam lá se esta não é uma boa para recordação em tempos de renovação (?...!)





JOEL BILLY lyrics