quinta-feira, 29 de junho de 2006

Se os Municípios fossem, apenas, bairros (?) ...

Já vi homens, na política e fora dela, que se demitiram por muito menos!

Eu próprio, há uns anos, fui suspenso por um mês com perda de vencimento, por ter defendido critérios objectivos de avaliação dos alunos, e não baseado no seu estrato sócio-económico ou grupo sociológico de pertença! Ou por ter evocado o papel pedagógico da Escola na definição científica de valores democráticos como o são a liberdade e a justiça social, frequentemente prostituídos por muitos que, tendo responsabilidades sócio-estruturantes na sociedade, apenas usam o poder que lhes é conferido em conformidade para defesa de causas que lhes são, frequentemente, próximas! Não há república que resista a tamanha demagogia! Nem a cabalas, alcavalas e a trogloditices da arrogância brejeira! Arre, mais uma vez?!

E agora? Que fazer desta afronta do representante superior das instituições que, na História de Portugal, são a referência mor do poder democrático, os Municípios?

A atestar pela indignação em mais um artigo de opinião do MA Pina, entre outros que também se podem ler na última do JN de hoje, não há lugar para desculpas esfarrapadas como as que já se viram por parte daquele edílico, mesmo que alguma razão circunstancial, originariamente, lhe assistisse!


"O regresso de Viriato

Fernando Ruas, presidente da República do Cavaquistão, incitou os súbditos a "correrem à pedrada" os funcionários da República Portuguesa que tentem impor no seu território o cumprimento das leis desta última (a distante, a estrangeira, a "colonial" - como diz o presidente da República Atlântica das Bananas - República Portuguesa). "Corram-nos à pedrada, a sério. Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada. Eu estou a medir muito bem aquilo que digo", assegurou, no meio dos "urrahs!" dos chefes de clã, o presidente cavaquistanês, que é igualmente presidente dos presidentes de todos os cavaquistões. Após a surtida, desbaratadas as hostes invasoras, no caso dois funcionários do Ministério do Ambiente, Viriato retirou estrategicamente para o inextrincável e hermínio "maquis" da semântica portuguesa. Que, afinal, o "a sério" não era a sério, era a brincar, que as "pedras" eram "figuradas" e mais manobras evasivas capazes de reescrever toda a arte da guerra de libertação de Giap, Mao, Che, Marighela & Alberto João Jardim. Um dia destes haveremos de o ver descer das montanhas e marchar sobre a capital do Império, o Braveheart de Viseu, exigindo subsídios já não só para rotundas e pavilhões multiuso mas também para mocas e calhaus."

"Assim vai Portugal"

Quem diria, no Jornal de Negócios, uma tirada destas, hã?
Hei-de trazer para aqui mais artigos de opinião desta autora
Luísa Bessa
lbessa@mediafin.pt
"Assim vai Portugal
Um perfume de Mundial anda no ar. À medida que o campeonato progride e a selecção portuguesa se mantém em jogo, a aragem que sopra da Alemanha contagia o clima nacional.
Nada de que não se estivesse à espera. À semelhança do que aconteceu em 2004, dá a sensação de que o país partiu prematuramente para férias. Entre pontes, feriados e santos populares, houve um adeus colectivo até Setembro.
Como acontece sempre que a matéria é futebol, desenvolvem-se opiniões apaixonadas. Alguns intelectuais, quais irredutíveis gauleses, lastimam a incorrigível propensão da malta para vibrar com os passes e as peripécias de dois grupos de 11 rapazes num campo relvado, o efeito distractivo e o aproveitamento que dessa pulsão é feito por quem nos governa; os outros, a enorme maioria, embarca no furor das multidões.
Por estas alturas mesmo os mais indiferentes ao futebol têm dificuldade em resistir ao contágio. Valha a verdade que um Mundial de futebol é um mega-evento desportivo que tem, entre outras, a virtude de trocar as voltas aos dados adquiridos da ordem internacional, o que lhe confere um carácter exótico. A principal potência futebolística, o Brasil, não faz parte do grupo de poderosos do Mundo; os Estados Unidos estão longe de integrar a primeira liga, como ainda recentemente se viu; a Europa, que está em perda na frente da globalização, resiste no futebol com alguns dos principais «players»; e a nível dos países emergentes vão os africanos à frente dos asiáticos, exactamente o inverso do que se passa na realidade económica mundial.
Com Portugal em jogo e com a imprevisibilidade própria do desporto rei a dominarem as atenções, nem se percebe por que não aproveita o Governo este «vacatio» para anunciar medidas polémicas. Com a ordem informativa nacional completamente dominada pela agenda do Mundial, numa lógica que ultrapassa muitas vezes os limites do bom senso, teria garantido a menor repercussão possível. Imagine-se, por exemplo, o impacto que teriam os encerramentos das maternidades se não tivessem coincidido com o primado da futebolândia.
Mas a agenda de comunicação de José Sócrates prossegue implacável. Depois da banda larga na segunda-feira, ontem o feito do dia foi o lançamento da caixa postal electrónica, a concretização de uma medida aprovada em Conselho de Ministros em Abril passado. Apesar do diploma referir explicitamente a garantia de concorrência entre todos os operadores, o Governo associou-se ao mais alto nível à apresentação da ViaCTT, um caixa postal electrónica a que todos os portugueses poderão aceder gratuitamente, e que será utilizada para a comunicação entre os cidadãos, a administração pública e as empresas aderentes (12 por agora, entre as quais a EDP e a PT).
ViaCTT é um inovador serviço dos Correios de Portugal e representa o cumprimento de uma promessa governamental. Mas embora não sejam muito evidentes as vantagens que proporciona em relação a outra caixa de correio electrónico teve direito a uma apresentação presidida pelo próprio primeiro--ministro, como medida emblemática do Simplex e do Plano Tecnológico. Mais um caso de desproporção entre o acto e o seu significado."

A Escola Marquês de Pombal

Ainda ... Em Busca da Escola Perdida
Que, entretanto, se vai lendo em mais um 'post' da FERSAP

"Uma escola alternativa
Enviado por Terça, Junho 27 @ 02:37:22 WEST por Amaral
Um Pai escreveu: "Embora se encontre entre os últimos lugares do ranking nacional, a Escola Marquês de Pombal, em Lisboa, é um exemplo de recuperação de alunos com insucesso escolar. Cerca de 250 jovens frequentam actualmente os cursos diurnos de educação e formação profissional existentes, principalmente nas áreas de mecânica, construção civil, electricidade e informática. Quase todos são alunos que estiveram à beira de desistir da escola, com historiais de insucesso em vários estabelecimentos de ensino, mas que encontraram aqui uma última oportunidade para a sua escolarização.
Umarú está muito concentrado a instalar um intercomunicador de porta num painel de madeira. Os vários fios de cores diferentes são um desafio para o jovem guineense de 18 anos, que veio para Portugal aos 11 anos, sem nunca ter frequentado uma escola. "O mais difícil é perceber os esquemas", diz enquanto coça a cabeça. "Gosto deste curso, mas é muito complicado, pensei que era mais fácil", continua, enquanto vai passando os fios de um lado para o outro. Começar o 1.º ano de escolaridade aos 11 anos num país diferente do seu não foi propriamente fácil, mas Umarú conseguiu prosseguir até ao 8.º ano, na Escola Pedro Santarém, em Benfica. Quando já considerava a hipótese de abandonar os estudos, a psicóloga da escola aconselhou-o a ingressar num dos cursos de educação e formação da Escola Secundária Marquês de Pombal, em Lisboa. Hoje, Umarú está a fazer um dos últimos trabalhos do curso de Electricista de Instalações, que lhe dará equivalência ao 9.º ano, antes de prosseguir para um estágio de 240 horas numa empresa. Se tudo correr bem, tenciona ficar a trabalhar como electricista durante o dia e continuar a estudar à noite para completar o 12.º ano.
Rui, colega de Umarú, está a construir um automatismo para fazer o arranque directo de um motor, mas tem uma história diferente. Até tinha boas notas na escola que frequentava, mas preferiu procurar um curso mais prático e tecnológico, "porque é mesmo isto que quero fazer", conta.
Ruben, de 17 anos, diz que veio para a Escola Marquês de Pombal porque chumbou várias vezes por faltas: "Queria era treinar futebol, jogava no Belenenses e agora jogo nos Olivais". Confessa que acabou por gostar do curso de electricista e que pretende continuar a estudar até ao 12.º ano, "em princípio desporto ou administração de empresas".
Quando não fica em último lugar, a Escola Secundária Marquês de Pombal não se afasta muito da cauda do ranking de escolas nacionais, elaborado a partir das médias obtidas dos alunos nos exames nacionais de 12.º ano. É, no entanto, um estabelecimento de ensino exemplar no que respeita à recuperação de alunos que estiveram muito perto do abandono escolar. Cerca de 250 jovens frequentam actualmente os cursos diurnos de educação e formação profissional existentes, principalmente nas áreas de mecânica, construção civil, electricidade e informática. Quase todos são alunos que estiveram à beira de desistir da escola, com historiais de insucesso em vários estabelecimentos de ensino, mas que encontraram aqui uma última oportunidade para a sua escolarização.
Um modelo de sucesso
A Escola Secundária Marquês de Pombal começou por ser uma escola de desenho industrial, fundada em 1884 em Alcântara, e passou a funcionar, alguns anos mais tarde, como escola industrial de carisma tecnológico.
Foi uma escola muito conceituada na área de Lisboa até aos anos 70, a partir de 1975 passou a ser uma escola secundária de ensino normal, mantendo, porém, o seu cariz tecnológico. As óptimas instalações, com 32 mil metros quadrados de área, dos quais 8 mil de área coberta e cerca de 5 mil em oficinas e laboratórios, permitiam-lhe continuar a ser uma escola de renome no ensino tecnológico, chegando a ter mais de 3 mil alunos diurnos nos seus tempos áureos. Hoje em dia, o número de estudantes que a frequentam mal chega aos 250 e parte das instalações da escola foram cedidas ao centro de formação do sector terciário do Instituto do Emprego e da Formação Profissional. Filipe Baptista, director do Conselho Executivo, diz que tudo aconteceu há cerca de 20 anos, quando várias outras escolas foram sendo criadas na capital.
"À medida que a escola foi reduzindo o número de alunos, tentámos segurar o barco, apresentando ofertas de formação muito diversas. Deixámos praticamente de ter alunos do ensino regular, que actualmente são muito poucos, mas temos outros que procuram a escola para um tipo de formação alternativa, nomeadamente cursos de educação e formação e cursos profissionais", explica o responsável.
Actualmente, a escola oferece formação em áreas como construção e reparação de veículos a motor, electricidade e energia, mecânica, construção e engenharia civil, metalurgia e metalomecânica, bem como arquivo e documentação, higiene e segurança no trabalho e ciências informáticas.
São áreas onde se regista uma grande falta de pessoal qualificado e que asseguram a integração dos alunos no mercado de trabalho. Tem sido esse o segredo do sucesso desta escola. "Todos os anos, quando fazemos a entrega dos diplomas e cedemos os alunos às empresas para o estágio, os empresários presentes pedem-nos sempre para formarmos mais alunos, porque precisam destes profissionais com formação".
A Escola Marquês de Pombal tem ido buscar alunos com escolaridade muito irregular, alguns em situação de abandono, mais rapazes do que raparigas, devido ao cariz tipicamente masculino da maioria dos cursos. Muitos deles acabam mesmo por preferir continuar os estudos, pelo menos até ao 12.º ano, porque sentem que estão a aprender e sentem-se motivados a fazer algo que gostam.
A taxa de sucesso dos cursos ronda os 50%, uma taxa que corresponde à taxa de empregabilidade, como sublinha Vítor Rosa, coordenador dos directores de turma da Escola Secundária Marquês de Pombal.Os alunos que não conseguem concluir os cursos de formação acabam por ser encaminhados para o Centro de Emprego. Na maioria dos casos, segundo o responsável, o insucesso resulta de hábitos mal adquiridos, falta de auto-estima, motivação e apoio familiar. A escola também sente dificuldade em dar resposta a estas situações, nomeadamente ao nível dos serviços de psicologia e orientação. "Temos muitos alunos a necessitarem desses serviços e só temos um profissional, quer ao nível do comportamento e da orientação vocacional, quer a nível da própria reorientação, para os casos que não tiveram sucesso nestes cursos. E aí a falha não é interna, mas sim do Ministério da Educação, porque a escola está carenciada ao nível de pessoal especializado".
"Não valorizamos o ranking das escolas"
Com um número muito reduzido de alunos do ensino regular, dos quais apenas 30 no 12.º ano, a escola não valoriza as classificações do ranking das escolas. "Na nossa escola não tem significado, porque não representa a realidade. É mais valorizado o sucesso relativo que temos com estes alunos, temos consciência que estar em último não se adequa à nossa realidade".
Mas nem por isso Filipe Baptista desvaloriza esta alternativa. "Estes alunos vêm para cá porque esta é uma última oportunidade que o Estado lhes está a dar. Além disso, sentem que nesta escola lhes é dado um grande apoio. Muitos deles nem sequer sabem sentar-se numa cadeira quando chegam, mas depois de dois anos de curso nós sentimos que eles estão formados em todos os aspectos, incluindo os comportamentais. No momento em que fazemos a entrega dos alunos à empresa eles apresentam-se de fato e gravata, acompanhados dos pais, e a saberem comportar-se devidamente", refere o responsável.
Mas não são só os cursos que fazem da Marquês de Pombal uma escola diferente. Ali também existe um centro de reconhecimento de competências, que acolhe adultos maiores de 18 anos que não obtiveram qualificação escolar e que pretendem ficar com equivalência ao 9.º ano de escolaridade. Este processo de reconhecimento também vai passar a abranger o 12.º ano, sendo que actualmente a escola trabalha com cerca de 600 adultos, muitos deles oriundos de protocolos com empresas que procuram formação para os seus activos. E exactamente por isso, os responsáveis da Marquês de Pombal são a favor da constituição de um órgão no qual participem os empresários, de modo a auxiliarem os estabelecimentos de ensino a organizar os seus currículos e a investirem mais nas escolas.
Mas apesar de estes cursos serem praticamente garantia de emprego para quem os conclui com sucesso, Filipe Baptista e Vítor Rosa lamentam que a formação tecnológica não seja devidamente valorizada. "O ensino tecnológico nunca foi muito dignificado, nem muito bem visto em termos sociais, porque hoje em dia toda a gente quer tirar um curso superior. Nunca houve uma aposta forte em cursos alternativos e só agora é que acontece, mas nós já trabalhamos nisto há muitos anos, sem grande ajuda e acompanhamento do Ministério", desabafam."Quer os cursos de educação e formação quer os cursos profissionais são vistos como sendo para combater o insucesso e o abandono escolar e isso é um erro enorme logo à partida. São outros percursos, ponto final. Um aluno que não está interessado ou que tem problemas de aprendizagem devia ser triado para este tipo de cursos. Além de nunca lhes ficar vedado o acesso ao ensino Superior, têm a grande vantagem de acabar a escolaridade ao nível do 12.º ano com uma qualificação profissional", explica Vítor Rosa.
No entanto, Filipe Baptista e Vítor Rosa mostram-se bastante orgulhosos da sua escola. "Duvido que exista uma outra escola que ofereça este número de cursos profissionais e com estas variantes todas. Em termos de condições, temos bons espaços desportivos, uma boa biblioteca, dois ginásios, um campo de ténis, um centro de aprendizagens, vários campos de futebol e basquetebol… Mas estes são cursos caros, que exigem muito material, de desgaste diário, e nós não temos grande orçamento, estamos relativamente limitados em termos financeiros. Queixamo-nos basicamente que esta escola pode ser muito melhor aproveitada, porque temos recursos, espaço e instalações. Tem que ser o Ministério a centralizar esta oferta, porque actualmente temos um número de alunos muito baixo, 250 alunos diurnos e perto de 600 nocturnos, numa escola que já teve mais de três mil", lamenta Filipe.
Os cursos profissionais são agora a nova esperança da Escola Marquês de Pombal. O anúncio que a ministra da Educação fez recentemente sobre a criação de mais 450 cursos profissionais no próximo ano lectivo foi considerado uma óptima notícia para o presidente do Conselho Executivo. Talvez seja a oportunidade tão esperada para modernizar a escola ao nível dos equipamentos, aumentar o número de cursos e de alunos e revitalizar uma escola onde hoje os corredores e o recreio são imensos, mas estão praticamente vazios.
in Educare.pt 26-06-2006"

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Privilégios da classe ... futeboleira!

Vícios, prebendas e mordomias e outros privilégios pseudo-nobiliárquicos de uma República cheia de realezas decadentistas! Arre!?
Se eu fosse magistrado, ou se política ou administrativamente tivesse responsabilidades na orgânica do nosso sistema social, não me calava perante esta oportuna, pertinente e acutilante “bicada” na eficácia da nossa Justiça. Ou então, não me digam que vão processar o “homem” (!?). Mas … “quem cala consente”, diz a velha mas sensata sabedoria popular, e agora não é caso para menos. Não! A comparação feita em mais este artigo de um tal senhor colunista de quem ainda há dias falei é, no mínimo, mais um contributo cívico para despertar a consciência colectiva desta anestesia futeboleira, no país que todos gostaríamos que fosse campeão mundial! Apenas não nos podemos vangloriar com tamanha situação social, ou então corremos o risco de perdermos, definitivamente, a chama que, parece, está oportunamente a renascer. Não posso dizer «Viva Portugal» com o estado de coisas que se depreende da síntese comparativa muito bem conseguida no artigo que, a seguir, transcrevo da “última” do JN de hoje:
"O exemplo italiano
Dirigentes da Juventus, do Milan, da Fiorentina, da Lazio, o presidente da Liga e vários árbitros começam depois de amanhã a ser julgados em Itália por crimes de corrupção. O escândalo veio a público há pouco mais de um mês, mas a sentença deverá ser pronunciada já em Julho. Compare-se isso como o nosso pelintra "Apito Dourado", que está de novo suspenso na sequência de mais um pedido de recusa de um magistrado feito por um dos arguidos (e outros se anunciam). Serão os magistrados italianos melhores que os portugueses? Não, a diferença entre a justiça italiana e a portuguesa reside, fundamentalmente, nas leis. E quem faz as leis são os políticos, não são os magistrados. Ora o nosso Código de Processo Penal oferece aos arguidos com meios para pagarem advogados a tempo inteiro possibilidades ilimitadas para, com incidentes de toda a ordem e a propósito de tudo e nada, bloquearem o andamento dos processos. O resultado é a prescrição da maior parte daqueles em que há "poderosos" envolvidos. Por isso é que, ao contrário do que fizeram os dirigentes desportivos italianos mal foram constituídos arguidos, nenhum dos acusados do "Apito Dourado" se demitiu. Porque todos têm boas razões para acreditar que nunca chegarão a ser julgados."

sábado, 24 de junho de 2006

Educação e ... iletrismo funcional!

Afinal, está latente na nossa "personalidade básica" o nosso oportunismo crítico!

Como se chega à evidência desta afirmação? A ver pela constatação de mais uma manifestação contra-corrente do que tem sido a Educação em Portugal! Se não gostarem (aqueles que me têm perseguido e julgado), que me processem mais uma vez, pois talvez atinjam sancionatoriamente a Srª Ministra que os tutela, mas que creio não está aí para lhes dar mais guarida. De resto, ... venha lá mais esta achega, retirada do JN de hoje, sobre o estado a que chegou o nosso sistema de ensino:
Livro questiona sistema de Ensino
Bruno pires

Educação ou armadilha pedagógica?, Uma interogação bem sugestiva, que deixa em aberto o debate sobre o sistema de Ensino, ao qual Manuel Madaleno aponta deficiências, num livro apresentado em Cantanhede.
Natural de Febres, Manuel Madaleno é diplomado em Ciências da Educação pela Universidade francesa de Lille e ex-responsável pelo Ensino do Português em vários consulados de França. Em Portugal, foi orientador pedagógico do Ensino Básico Mediatizado.
Na sua obra, Manuel Madaleno escreveu que, "em Portugal, nos últimos 30 anos, não tem existido, objectivamente, avaliação da função docente", num capítulo dedicado a este tema bem actual. Considera que esta "é uma questão de grande sensibilidade" e "por isso ninguém se atreveu a enfrentá-la com a coragem política necessária". Portugal é "o único país europeu onde não existe, de facto, qualquer avaliação do desempenho docente", considera o autor, que também aponta o dedo aos docentes. Muitos deles a leccionarem matérias, como "a iniciação à leitura e à escrita", quando "foram especificamente preparados para outras áreas do Ensino".
Manuel Madaleno considera que "o sistema educativo malbarata as potencialidades dos seus alunos, permitindo a muitos que atinjam a licenciatura em estado primitivo de conhecimento". Uma questão que se torna "ainda mais grave" quando "esses licenciados se destinam à docência".
Na sua intervenção na apresentação do livro, o autor, a dado trecho, considerou que "os professores estão subordinados a toda a gente, mas os alunos não estão subordinados a ninguém e são insubordinados". Ao desmontar e analisar o sistema de ensino, o livro é polémico, mas directo na abordagem da problemática da educação. Em jeito de conclusão, considera que "é um dever de cidadania recusarmo-nos assistir à transformação do país no reino, por excelência, do mais funcional iletrismo" .

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Duas tiradas para este Orçamento do Estado

Dois apontamentos de 'Opinião' num só "abraço" a este estado a que chegámos!

É preciso legislar as reformas anunciadas na Função Pública
Bruxelas vai continuar a «acompanhar atentamente» a situação orçamental portuguesa
O comissário do euro, Joaquin Almunia, elogiou hoje os esforços que estão a ser desenvolvidos pelo Governo português para sanear as finanças públicas, considerando que as medidas que estão a ser tomadas são as "adequadas".
O comissário do euro, Joaquin Almunia, elogiou hoje os esforços que estão a ser desenvolvidos pelo Governo português para sanear as finanças públicas, considerando que as medidas que estão a ser tomadas são as "adequadas".
Mas – precisou – persistem riscos significativos: é preciso manter o rigor, este ano e nos anos seguintes, e traduzir rapidamente em legislação muitas das reformas anunciadas, designadamente na Função Pública, pelo que Bruxelas vai continuar a acompanhar «atentamente» a situação orçamental portuguesa.
«Portugal adoptou, desde meados de 2005, um extenso e corajoso pacote de medidas destinado a reduzir o défice excessivo, mas subsistem ainda incertezas e riscos significativos, especialmente devido ao facto de algumas medidas importantes ainda terem de ser aplicadas», afirmou o comissário.
Numa declaração escrita, que acompanha o relatório divulgado esta manhã em que Bruxelas avalia as medidas de correcção adoptadas pelo Governo, Almunia sublinha que «é necessário intensificar os esforços de consolidação, particularmente no que diz respeito às despesas, a fim de permitir o restabelecimento da solidez e rigor das finanças públicas como uma condição prévia para um maior e mais importante crescimento económico e para a criação de emprego».
O relatório, onde Bruxelas dispensa, por ora, o Governo de tomar medidas adicionais de contenção, refere que «embora subsistam incertezas quanto à eficácia das medidas e aos mecanismos de contenção das despesas, os dados preliminares sobre a execução orçamental sugerem que, até à data, os planos têm sido largamente cumpridos este ano».
Por outras palavras, o objectivo do Governo de chegar ao fim do ano com o défice em 4,6% do PIB é credível, ainda que há pouco mais de um mês Bruxelas tenha avançado com uma previsão de 5%.
«Em consequência, a Comissão considera que, neste momento, não é necessária a adopção de outras medidas no âmbito do procedimento relativo ao défice excessivo».
Simultaneamente, acrescenta a Comissão, salienta-se a «existência de incertezas e riscos significativos quanto à realização do objectivo de correcção do défice excessivo até 2008 – sendo a principal condicionante que os resultados orçamentais apenas poderão ser atingidos caso todas as medidas correctivas anunciadas sejam efectivamente implementadas».
Em face dos riscos, a Comissão lembra que, caso as medidas previstas se revelem ineficazes, serão necessárias outras medidas correctivas com vista à realização dos objectivos orçamentais e que, por tal, continuará a «acompanhar atentamente a evolução orçamental em Portugal, tendo designadamente em conta a fragilidade das suas finanças públicas».
Sérgio Figueiredo
O fiador de Sócrates
sf@mediafin.pt
Alguém mais entusiasmado até pediu que lhe erguessem uma estátua. Outros já lhe chamaram o «Greenspan português». Eu próprio, num daqueles momentos de grande desnorte nacional, cheguei a classificá-lo como o «oráculo do regime».
A verdade é que Vítor Constâncio caiu do pedestal. Será o último a reconhecê-lo. Mas é o primeiro a ter consciência disso. Aliás, o discurso da sua tomada de posse ontem, tão autojustificativo, é a confissão que faltava: o governador não anda a dormir bem ultimamente.
A questão não deve ser colocada no plano do ego. E muito menos da consciência. É política. Não é partidária. É técnica, mas não é inocente.
Constâncio decidiu patrocionar mais uma comissão «independente» para corrigir as contas públicas herdadas por um novo Governo. O resultado foi desastroso. Se a intenção era avalizar as tais «medidas difíceis», a consequência foi a que toda a gente viu: a política orçamental do primeiro ano de Sócrates foi um desastre completo.
A coberto de um défice virtual, a Comissão Constâncio deu a cobertura técnica para um desastre político: Sócrates viu ali o fiador de um ano fiscal que agravou o défice estrutural, em vez de o melhorar; que deu um sentido expansionista aos gastos, na vez de os cortar.
Mas, sobretudo, permitiu que o Governo apresentasse o maior desequilíbrio financeiro dos últimos anos, 6 por cento do PIB, quase a cantar vitória. Estava, assim, absolutamente desperdiçado o primeiro ano de consolidação das finanças públicas. Com maioria absoluta no Parlamento e a oposição manietada.
Sócrates não tinha desculpas. Constâncio deu-lhe o pretexto.
Não foi inédito. Cinco anos antes, vimos o então ministro Pina Moura sair do mesmo Salão Nobre com o sorriso de alívio de quem encontrara um argumentário sólido para se defender da onda de alertas, críticas, avisos sobre a insustentabilidade do «milagre económico» que o país então vivia.
Inúmeros economistas, incluindo aquele que entretanto se elegeu Presidente da República, andavam apavorados com o agravamento do défice externo. Com aquilo que o originava. Com o custo implícito à sua correcção.
Numa mesma cerimónia, com o mesmo governador, algo de parecido aconteceu: Vítor Constâncio encarou o assunto, comparou Portugal a uma região, evocou outros países com crónicos desequilíbrios externos, tudo correcto, tudo óbvio, para passar uma mensagem errada. Sobretudo perigosa: o problema haveria de se resolver.
Não foi inocente então, como não foi inocente agora. Este aval «às corajosas medidas» do Governo, que «indiciam uma verdadeira consolidação orçamental».
Podia ser um estímulo, igual a tantos outros que Constâncio não deixou de dar a Manuela Ferreira Leite. Não vivesse Constâncio com o prestígio abalado. Não tivesse Constâncio a independência sob escrutínio. Não precisasse Constâncio de explicar tanto aquilo que disse e fez no passado.
Como carrega este lastro do último ano, que não lhe é favorável, devia o governador evitar públicos actos de fé. Sobretudo num Governo que anuncia, anuncia, anuncia, mas que ainda não mostra resultados. O mais difícil está para vir e isso é um problema - que, novamente, o governador do Banco de Portugal decidiu aderir de forma voluntária.
Quem faz parte do problema dificilmente pode ajudar na solução. Ou será que Constâncio vê na «verdadeira consolidação orçamental» um TGV, uma Ota e todos os outros motivos que levaram Campos e Cunha abandonar o Governo?

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Evocações da verdade

E porque a verdade vem sempre (?) "ao de cima"
Gostaria que, de entre todos os interessados nesta mensagem que segue, retirada do meu mui citado Mestre JAM, alguns fossem os meus alunos a quem tenho muito falado de ética no Ensino Público, de deontologia docente, e da moral discente, a qual, por falta de uma vedadeira cultura de institucuinalização escolar, parece tão estranha como marcianos em noite de bruxas. Sim, porque há quem ande por aí a convencer muita da nossa juventude a aderir às práticas rituais da enebriação voodooista, com caravacas e sangue de galinhas degoladas, quiça condimentadas com umas pitadinhas de fumaceiras canabisentas e uma missas esquerdofrénicas para sobremesas apoteóticas ... (!?) Mas, para nos retermos no essencial que aqui é evocado, não posso deixar de reproduzir o post que este meu Professor publicou no seu blogue:
"De regresso ao sítio donde nunca saí, entre a bolonhesa e a Catalunha
Foi longa esta pausa de suspender meu bloguear. E retomo a senda, em dia de nascimento de Pascal (1623) que, além de inventar a máquina de calcular, se opôs tanto ao congreganismo como ao cartesianismo do esprit géométrique, em nome do esprit de finesse, até porque le coeur a des raisons que la raison ne connaît pas. Reparo também que, hoje, no ano de 1967, em Paris, se fundou a LUAR e que em 1984 se deu a prisão de Otelo e de outros líderes das FP25. Mas não resisto a transportar outras memórias: especialmente da data de ontem, mas de 1968, quando o bispo do Porto foi autorizado a regressar a Portugal, depois de cerca de uma década de exílio forçado. Agora, estou a preparar uma intervenção na TSF sobre os cem dias de Cavaco, daqui a bocado, e uma participação num debate sobre a dita reforma do dito sistema político, dado que logo irei ao PS do Barreiro perorar sobre o tema.
E aqui estou, onde sempre estive, depois de algumas meditações sobre que irei fazer no próximo ano lectivo, o próximo da semi-bolonhesa, mas, felizmente, não faço parte da casta dos ilustres engenheiros curriculares que andam atarefados na consulta da Internet e da Wikipédia, para a traduzirem para calão universitário lusitano, com muito linguajar de educacionês tecnocrático, aderindo ao rolo compressor típico dos colonizados por modelos exógenos, sempre marcados pela tríade cartesiano-napoleónico-positivista, habitual fabricante daqueles chouriços indigestos que, decretando a "revolução a partir de cima", aliada ao populismo vanguardista, acabam nesse jogo de soma zero, onde ao despotismo de todos se sucede o despotismo de um só, para que tudo acabe nas oligarquias sem aristocracia do despotismo de apenas alguns.
Prefiro notar no que há muito já sabia: 62% dos estudantes universitários portugueses confessam copiar, facto que, segundo estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, é directamente proporcional aos processos de corrupção posterior dos futuros profissionais saídos de universidades de fabricantes de chouriços sebenteiramente memorialistas. Este ano, por exemplo, em cadeiras minhas da licenciatura, utilizei a técnica de admitir copianço oficializado: permiti que todos os estudantes trouxessem x caracteres de aide mémoire que obrigatoriamente juntavam às folhas do teste, valorizando a própria forma de a elaborarem. Assim, apelava ao esforço pessoal de compreensão e síntese e tentei incutir a capacidade de elaboração de glosas e comentários próprios. Estudar sempre foi pensar pela própria cabeça o pensamento dos outros.
Voltando a Bolonha, julgo que quase todos parecem esquecer que o velho conceito de "licenciado" nunca foi a criação pelo Estado e pela Escola de um posto de vencimento no quadro do empregador central alimentado a dinheiro dos impostos. Ser licenciado também nunca foi ter licença para um qualquer se inscrever numa ordem corporativa, mas antes ter licença para poder a continuar a estudar em solidão individual, sem dependência face ao sistema de lições, professores, matrículas, frequências, sebentas e exames. Porque há tanto mais empregabilidade quanto o estudante assumir um estado superior de aprendizagem através da formação pessoal. Logo, um licenciado em direito pode ser músico e um engenheiro, Primeiro-Ministro de Portugal.
Se transformarmos as universidades em meros centros de formação profissional, anexos de ordens profissionais e centrais patronais ou sindicais, o primeiro ciclo de Bolonha será um mero décimo segundo ano avançado, o segundo ciclo, uma antiga licenciatura acelerada e o terceiro ciclo, um fingido mestrado de papel e lápis. Isto é, nivelaremos tudo por baixo, e embora possamos esfregar as mãos de contentes, porque conseguimos trabalhar para a estatística, eis que, em nome de unidade, unicitária e unidimensional, destruiremos a a riqueza da diferença, só porque os adeptos da teoria do rolo compressor não conseguem que, nos respectivos genes cartesianos, napoleónicos e até fascizantes, se admita a possibilidade do dividir para unificar da velha complexidade, onde, entre a convergência e a divergência, podem surgir estádios de complexidade crescente, de emergências criativas que permitam aceder ao universal pela liberdade de ensinar e de aprender.
Prefiro, portanto, saudar o resultado do referendo da Catalunha, onde se verifica que as Espanhas se começam a portugalizar, na senda da proposta de Miguel de Unamuno, enquanto certo Portugal, reduzido às bandeiras do BES e de Scolari, continua enredado na vergonha de ter tido razão antes do tempo, lá para o dia primeiro de Dezembro do ano de mil seiscentos e quarenta, quando permitimos a emergência do Brasil."

terça-feira, 20 de junho de 2006

Revoluções ... ministeriais?!

Ainda deste observatório social para a Educação, a ter que dar razão à Srª Ministra da tutela ...



Neste dia de Exame Nacional de Sociologia ...
Vai que não vai Portugal, sem uma bandeira que claramente me mostre os ícones que nos costumam fazer recordar os heróis do mar, ou agora os de terra, para nos contentarmos com os horizontes que tenhamos mais à vista ... aqui vai mais um começo de exames nacionais, dos quais eu tenho de coadjuvar um (duas horas dentro de uma "gaiola" é obra), em ambiente psicossocial de pouca simpatia ... sim, que isto de mexer em "classes" socialmente acomodadas não é missão para qualquer um (a)! Muito menos quando as expectativas do universo afecto ao espectro-partidário parece estarem a defraudar as que fundamentaram a expressão maioritária nas últimas urnas legislativas. É preciso muita coragem para fazer o que, objectivamente, é necessário para "curar" as maleitas de que padece esta nossa polis (já lhe chamei, aqui, pandemia social).
Por cá, apenas digo que, casos como o meu (que isoladamente não podem ser ponto de partida de qualquer conclusão a tirar) são reveladores da inversão e incoerência da actividade educativa: mexe nos acomodados (através de crítica que, julgo, construtiva), e sofre processos disciplinares por se considerar "persona non grata" ou, como alguém com altas responsabilidades me apelidou, "inconveniente". Avalia objectiva e imparcialmente, e sofre com os pretensos filhos famílias, da pseudo-casta aburguesadamente aristocrática, que no Ensino Público parece quererem constituir empresas particulares de capitais públicos, S. A. com irresponsabilidade ilimitada ... Exigente no trabalho que tem, minimamente, que ser elaborado, e sofre represálias tipicamente do boicote organizado, quiça com a conivência de algumas responsabilidades orgânicas ... (?). Repreender alunos com cábulas, para, mais tarde, ter de lhes sorrir, quando aqueles negam o respeito devido à instituição que todos subsidiamos para os educar? e ser punido disciplinarmente com multa por isso? Mas aonde é que isto já chegou, Srª Ministra?

Sem retrogadismos nem saudosismos que não têm cabime nto em nenhuma sociedade civilizada, há princípios deontológicos que ainda não se reinventaram, o mesmo será dizer que, por mim, enquanto esta Casa me quiser como professor, estarei ao serviço da República que me paga, para fazer algo que é o dever de todos para com cada um de nós. Disso ninguém me tira, nem que "a voz me doa" de tanto gritar:

Força com isso!!!
Estou consigo!!!
Há muitos como Eu!!!
Por isso não estará sozinha!!!
Desabafos de um Professor profundamente angustiado com este subsistema pouco socializante!!!

terça-feira, 6 de junho de 2006

Mais uma polémica da FERSAP

E, para complementar a visão que tem sido apresentada sobre esta artificial mas tão crucial polémica, aqui vai mais esta do Portal da Fersap:


Opinião dos pais será consequente
Enviado por Domingo, Junho 04 @ 12:55:26 WEST por Amaral
Hoje Público escreveu: "A apresentação da proposta ministerial para a revisão do estatuto da carreira docente valeu à ministra da Educação uma das semanas em que mais críticas recebeu. A 14 de Junho, Maria de Lurdes Rodrigues enfrentará mais uma greve de professores, convocada pela Fenprof [Federação Nacional dos Professores]. Lamenta que o debate esteja a ser tão extremado e "com grande exagero na argumentação" e apela aos críticos para que façam propostas mais construtivas.Entrevista em Leia Mais...(Entrevista à ministra da Educação pelo PÚBLICO e Rádio Renascença)Que nota dá aos professores portugueses?Não se podem dar notas aos professores portugueses em abstracto. Cada um deverá ser avaliado, poderá ter direito à sua nota, mas não será dada por mim. Será dada pelos seus pares, pela escola onde exerce funções e eu defendo que é também indispensável uma componente de avaliação externa. A proposta do Governo agora em discussão é que sejam os pais a participar nessa avaliação. Penso que, entre os diversos agentes com intervenção exterior à escola, os que têm melhores condições para perceber o desempenho dos professores, sobretudo nas matérias relativas à capacidade de relação e comunicação, são os pais.Que peso terá essa classificação na avaliação global do professor?Essa é uma matéria que está em discussão. As questões da avaliação são muito difíceis e não há modelos perfeitos. Mas isso não nos deve impedir de os ter. Todos os sistemas sujeitos a avaliação melhoram com ela. É isso que pretendemos com o sistema de ensino. Espero ainda que possamos avançar para a avaliação das escolas em paralelo com a dos professores. Porque eu não vejo o trabalho dos professores de forma isolada do contexto em que ele se exerce. Há escolas em que o trabalho é mais exigente e mais difícil. A avaliação dos docentes tem de ter em consideração a dificuldade do contexto em que se insere.Voltando à questão da participação dos pais. Acha exequível que numa família com três ou quatro filhos um dos pais esteja em condições de avaliar 18 ou 20 professores?Esse é um exemplo muito concreto. Os pais são muito diferentes, como diferentes são os alunos, os professores, as escolas. A desigualdade económica e social é uma das características do nosso sistema. De novo, isso não pode ser um obstáculo, mas uma variável que temos de considerar, estudar e ultrapassar. Há pais que participam, pais que não participam, que estão envolvidos na escola com diferentes motivações. De uma coisa ninguém tem dúvida: quanto mais qualificada e empenhada a intervenção dos pais, melhor as condições de aprendizagem das crianças. Então temos de criar condições para que esta participação seja possível, de qualidade e consequente.Por mais diferentes que os pais sejam, têm em comum o facto de ter uma visão muito subjectiva e, eventualmente, faltar-lhes a capacidade técnica para fazer uma avaliação rigorosa do professor.Não está em causa avaliar a capacidade técnica do professor. A avaliação de desempenho tem muitas dimensões: científica, pedagógica, relacional, de participação na organização. Tudo isto deve ser segmentado e devem ser chamados a participar na avaliação diferentes actores.Essa participação traduzir-se-á numa percentagem?Uma percentagem que pode ser mínima. A nossa proposta é uma proposta minimalista. Eu não aceito críticas como os pais não têm condições, os pais são analfabetos. Alguns serão, mas mesmo assim terão muita competência.A ideia é tentar levar os pais à escola, pelo menos?Melhorar a qualidade da participação dos pais nas escolas é um dos objectivos que se podem conseguir. Neste momento é difícil porque as escolas têm tendência para se fechar aos pais. E em muitos casos os pais sentem que não têm uma participação efectiva e consequente. O seu testemunho pode ajudar a despistar casos extremos de desempenho deficiente, porque os pais são os primeiros a perceber as dificuldades de alguns professores no acompanhamento das crianças.A participação pode ser minimalista mas tem de ser consequente. E os riscos podem ser minimizados. Não precisa de ser uma avaliação directa, a nossa proposta é que seja filtrada pelo conselho executivo. Podemos exigir que, para haver avaliação, os pais participem em todas as reuniões, que façam um acompanhamento regular dos seus filhos na escola. Desta forma podemos dar passos significativos na melhoria das escolas e na participação dos pais.Outros dos factores que serão tidos em conta são as notas dos alunos. Não poderá haver uma subversão do sistema, com os docentes a darem boas notas aos alunos que não merecem?O que está apontado na proposta é que serão considerados os resultados. Podem ser as provas de aferição, os exames, ou seja, elementos que não resultam da avaliação interna da escola. O risco que vejo é que seja posta uma ênfase excessiva na orientação dos professores para esses resultados. Como disse no início, não há modelos perfeitos de avaliação. A proposta requer uma participação efectiva dos sindicatos e está aberta à discussão pública. O que tenho percebido é que o debate tem sido muito extremado, com grande exagero na argumentação. Perante uma proposta é preciso ter uma opinião mais construtiva. Tem-se discutido muito, por exemplo, a lista de funções para a profissão docente, mas faltam sugestões concretas sobre o que falta ou o que está a mais.04.06.2006

Mais uma da ... Srª Ministra!

Agora sim! Para que conste: já tive processos disciplinares por dizer muito menos (por apontar culpas à liderança da minha Escola, entre outas acusações cabalísticas promovidas pelos visados, já sofri um mês de suspensão com perda de vencimento)! E agora, vão processar a Srª Ministra?


Ministra da Educação culpa docentes pelo insucesso escolarEnviado por Terça, Maio 30 @ 14:40:40 WEST por Amaral
Um Pai escreveu: "A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, responsabilizou os professores pelo insucesso escolar e a falta de qualificação dos alunos e criticou o funcionamento dos estabelecimentos de ensino, noticia hoje a imprensa. Leia Mais e ComenteNa abertura de uma série de seminários, promovidos pelo Conselho Nacional de Educação, no Fórum da Maia, Maria de Lurdes Rodrigues disse que o trabalho dos professores «não se encontra aos serviço dos resultados e das aprendizagens».Maria de Lurdes Rodrigues lamentou também que a escola não esteja a combater as desigualdades sociais.A título de exemplo, refere o Jornal de Notícias, a ministra referiu-se à organização dos horários escolares que, segundo sublinhou, privilegia os alunos melhores, assim como os filhos de funcionários das escolas.«No conjunto de regras de funcionamento da escola tem de se lhe inscrever a preocupação com os resultados dos alunos, medidos quer nas provas de aferição, quer pela qualidade dos diplomas e das competências adquiridas pelos alunos», realçou.Os professores não ficaram incólumes no discurso da ministra da Educação, que considerou ser uma classe com uma cultura profissional (que comparou com os médicos) que não têm como objectivo o sucesso educativo dos alunos, escreve o Diário de Notícias na sua edição de hoje.«[Os docentes] Não são orientados para os casos mais difíceis. Os melhores professores ficam com os melhores alunos e os docentes com pior estatuto na casa levam com as turmas difíceis», afirmou a ministra, garantindo ainda não haver trabalho em equipa nas escolas.Alguns docentes presentes no evento não gostaram das palavras da ministra e protestaram, exortando a governante a adoptar um discurso que respeite a sua dignidade profissional.A governante já apontou várias vezes a falta de mobilização da escola para os resultados dos alunos.No início do mês, em Oliveira de Azeméis, Maria de Lurdes Rodrigues disse que o Ensino Secundário não pode continuar «a preparar alunos apenas para o acesso à universidade».O cenário traçado segunda-feira pela ministra da Educação veio agravar o descontentamento dos professores, gerado pela apresentação das propostas de alteração ao Estatuto da Carreira de Docente, no fim-de-semana passado.Para os sindicatos do sector, as declarações de Maria de Lurdes Rodrigues são «lamentáveis» e «perigosas».Paulo Sucena, da Federação Nacional de Professores (Fenprof), assegurou ao DN que as acusações da ministra - dizendo que as escolas e os docentes não estão orientados para os resultados - «não correspondem à verdade pois, se assim fosse, «não haveria professores a leccionar no interior ou nas áreas urbanas mais marcadas pela indisciplina dos alunos».Já João Dias da Silva, da Federação Nacional de Educação (FNE), disse ao DN que «as generalizações são sempre perigosas e dão mau resultado».Apesar de admitir que possa haver falhas em certos serviços, o responsável lembra todas as escolas que se preocupam com os resultados e até vão mudando a sua actuação em função deles, escreve o DN.Diário Digital / Lusa 30-05-2006 "
Recebido de webmaster@fersap.pt

Tome lá, que é ... democrático (?...!)

A célebre ''avaliação'' e o que diz a proposta
Enviado por Domingo, Junho 04 @ 13:46:16 WEST por Amaral


Eu até já tinha avisado que isto ia dar que falar ... "Tomem lá, que é democrático"!

Artigos de opinião antonioamaral escreveu: "Diz o ditado que não se nasce ensinado, pois se pode desculpar a a ignorância. Mas o que dizer de tantos comentadores que opinam sobre tudo e mais alguma coisa, do "ouvi dizer", do "li a notícia", mas não se dão ao trabalho de irem às fontes, de lerem os documentos?

Se esses "iluminados", geralmente pagos para debitarem o seu discurso, em vez de dizerem "eu sobre isso não sei, mas acho que...", fizessem o que lhes compete, ou seja, de se documentarem, prestavam um serviço útil, em vez de alimentarem a confusão e a ignorância.

No caso, bastava lerem a proposta de alteração ao Estatuto da Carreira Docente. Assim, nos Itens de classificação, Artigo 46.º, na alínea h) do ponto 2, lê-se: "Apreciação realizada pelos pais e encarregados dos alunos que integram a turma leccionada, em relação à actividade lectiva dos docentes".
E, no ponto 3 do mesmo Artigo: "A apreciação dos pais e encarregados de educação é promovida no final de cada ano escolar, pelo director de turma, e traduz-se no preenchimento de uma ficha de modelo a aprovar nos termos do n.º 5 do artigo 44.º". E, este Art. 44.º "Intervenientes no processo de avaliação", p. 5, diz: "Junto de cada escola ou agrupamento de escolas funciona a comissão de coordenação da avaliação que integra três membros do conselho pedagógico, um dos quais o seu presidente, que coordenará, bem como os vice-presidentes ou adjuntos da direcção executiva da escola". E, uma das competências desta comissão é "Garantir o rigor do sistema de avaliação, através da validação ou confirmação dos dados constantes das fichas de avaliação".

Afinal de contas, o DL 115-A/98, não consagra a escola como inserida numa "Comunidade Educativa" representada por docentes, pais e encarregados de educação, alunos e pessoal não docente?

Para quê, tanto barulho!?"


Recebido de webmaster@fersap.pt

sábado, 3 de junho de 2006

Agora falo eu,sobre a educação

Há críticas assim, mas ... o bom senso deve, inevitavelmente, imperar:

Há muitos motivos para protestarmos, desde há já muito tempo, pelas mais variadas razões socialmente relevantes, a que vamos assistindo ou nas quais vamos participando. E esta da educação, como não pode deixar de ser, é socialmente abrangente. Isso nem merece discussão. Mas ... porque é que tanta gente protesta, tantas vezes, desde há tanto tempo, e quase não se vislumbram, por mais ténues que sejam, medidas efectivamente implementadoras de uma melhoria na qualidade do ensino? Será assim tão difícil como equilibrar o déficit? Talvez nem seja tão crónico como a dívida pública!(?) ...
Leio com alguma satisfação, nos desabafos deste interactivo companheiro que é o Jumento, o coice que o 'animal' dá nas opiniões que se divulgam acerca desta vital questão que é a da educação! Mas ainda lhe falta mais qualquer coisa. A saber, estabeleceria um triângulo basilar desta problemática, formado apenas pelo grupo dos interessados que são os professores, por um lado, e as escolas onde estão, uns acomodados, outros presos no 'lodo' dos interesses daqueles, por outro; no vértice, como não poderia deixar de ser, está o Orgão que deverá ser o representante da sociedade, inscrito na máquina da governação que atende a estes fins, mas que, presentemente, não os tem sabido pertinentemente definir: o Ministério da Educação! Este nunca poderá deixar de ser o rpimeiro culpado do insucesso escolar que se tem verificado, porque é o primeioro responsável! Segundo, as escolas que, com ou sem a conivência tácita daquele Orgão supervisor, têm realmente tido uma preocupação maior em gerir os recursos que nunca são suficientes para as necessidades que enfrentamos, por vias frequentemente de legalidade duvidosa (lembro-me de, por exemplo, haver escolas que alugam cacifos de 'aloquete', aos os alunos que os requesitarem, mensal ou anualmente, logo no início do ano lectivo, para lá deixarem, praticamente todos os dias, livros e cadernos (entre outros haveres), e os espaços já rareiam para atender a tantas solicitações! O que é isto, pedagogicamente falando? É um autêntico atentado! Quem tem interesse nisto? Os professores? Não é minimamente plausível! Mas, a maior ignomínia, é ainda aquela de se perseguir, psocologica ou, mesmo, disciplinarmente, quem se pronuncie, dentro do mais estrito direito que lhe é reconhecido pelo exercício da profissão docente, contra este estado de coisas!!! Isto é de bradar aos céus,!!! Ajudai-nos, Senhor, porque o que estamos a passar é de fazer corar Sodoma e Gomorra!!!
E isto não pode, com certeza, ficar por aqui!!!
(Comentários de um Professor desesperadamente indignado)!!!